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Acabou?

Justiça deve fazer reintegração de posse da área do Clube de Regatas Tietê; embora espaço tenha R$ 25 mi em dívidas, sócios ainda veem chances de mantê-lo

EDUARDO GERAQUE

Sexagenários com lágrimas nos olhos. Atletas com mais de 80 anos rememorando as lembranças dos tempos de glória, como gostam de frisar, nas piscinas ou pistas do Clube de Regatas Tietê em meados do século passado.

As quadras e alamedas vazias, somadas à retirada dos últimos equipamentos do local, eram o retrato do clima de despedida ontem no clube, que tem 105 anos.

Hoje, a Justiça vai reintegrar a área para a Prefeitura de São Paulo, que promete fazer no local um centro de atletas aberto ao público.

Os sócios sabem que a reintegração do terreno de 50 mil metros quadrados é inevitável. Mas ainda têm dúvidas.

"Temos 40 crianças que ainda treinam todos os dias com a gente. Elas estão nos ligando, mas não sabemos ainda se elas poderão entrar no clube", diz Rosana Picciafuocco Navarenho, coordenadora do departamento de ginástica artística do Tietê.

A informação é de que o clube será fechado hoje, mas a sentença judicial deixou uma esperança. "Está escrito que os sócios militantes do Tietê continuarão a ter acesso à área", diz Rosana.

No terreno do clube, que no século passado chegou a ter 30 mil sócios, mais de seis restaurantes e dezenas de milhões em patrimônio, ainda funciona uma escola fundamental e uma unidade da faculdade Zumbi dos Palmares.

Essas organizações poderão funcionar até 2013.

"Houve erro nosso, de administrações internas. De 1970 para cá foram só dois presidentes sérios", diz o advogado Décio Moura.

A história dele com o Tietê começou nos 1960, onde entrou para jogar basquete, mas depois fixou-se no vôlei.

Ele lembra que, há alguns anos, o clube tentou vender um terreno nas margens da represa de Guarapiranga (zona sul) por R$ 85 milhões, mas a prefeitura tornou o local de utilidade pública.

Isso, na visão de Moura, inviabilizou o saneamento financeiro do Tietê. "Hoje, que pagam mesmo, devemos ter uns 500 sócios. A dívida total do clube é da ordem de R$ 25 milhões." As mensalidades giram em torno de R$ 40.

O quarto zagueiro e médio volante, segundo ele mesmo, Artur Afonso, 65, mas 33 anos de Tietê, estava abatido com o que deve ter sido o último churrasco da turma do futebol. "Muitos choraram."

As boas lembranças, diz, vão continuar. "Chegamos a ter 500 pessoas só no fim de semana para jogar os nossos campeonatos internos."

Parte da turma do futebol, assim como outros sócios, deve atravessar a praça que existe na avenida Santos Dumont e frequentar a Associação Atlética São Paulo.

Não é o caso de Moura. "Nós ainda vamos nos encontrar aqui", diz ele, ao se despedir. O que ele vai tentar, via acordo político, é que os sócios do Tietê possam continuar a frequentar o local, quando ele virar o novo centro prometido pela prefeitura.

Além das dívidas, o governo diz que o clube cometeu irregularidades ao alugar parte de área pública para exploração comercial de terceiros.


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