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Rio prende 63 PMs por ligação com tráfico

Policiais são suspeitos de receber propina para não combater crime em Duque de Caxias, na região metropolitana

Caso provocou queda de chefe de batalhão; no total, 65 militares e outras 18 pessoas foram denunciados à Justiça

ITALO NOGUEIRA DO RIO

Sessenta e cinco policiais militares do Rio foram denunciados ontem à Justiça acusados de receber propina para não reprimir o tráfico de drogas e de vender armas para bandidos em Duque de Caxias, na região metropolitana.

Até a conclusão desta edição, 63 deles haviam sido presos, além de 11 de 18 outras pessoas também acusadas.

O caso provocou a queda do comandante do 15º Batalhão da PM, ao qual os militares estavam vinculados.

Segundo a denúncia, os policiais sequestravam criminosos para garantir a propina.

O grupo se dividia em 11 "células autônomas" e cobrava propinas de quadrilhas de 13 favelas da cidade, principalmente a Vai Quem Quer.

O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Erir Ribeiro, disse que os policiais envolvidos serão expulsos "em, no máximo, 30 dias".

Todos os acusados são praças. Eles representam mais de 10% do efetivo do batalhão -de cerca de 600 PMs.

O tenente-coronel Cláudio de Lucas Lima perdeu o comando do batalhão por falta de controle da tropa. "Estava lá havia um ano. Se ele não tomou conhecimento, ou não procurou saber, não pode permanecer no comando da unidade", afirmou Ribeiro.

Lima não foi localizado para comentar o caso.

De acordo com as investigações, os dois grupos de Ação Tática do batalhão recebiam até R$ 5.000 diariamente, dependendo do movimento das bocas de fumo.

Quando a propina não era paga, os agentes detinham traficantes ou parentes e só os liberavam após resgate. Em certos casos, diz a denúncia, os PMs ajudavam a livrar bandidos da prisão dando depoimento favorável na Justiça.

A operação, chamada Purificação, foi realizada em conjunto por Polícia Militar, Ministério Público Estadual, Polícia Federal e Secretaria de Segurança Pública.

FRANGO E GELADEIRA

De acordo com a denúncia, uma das escutas feitas com autorização judicial flagra o sargento Emerson Vagner Costa Sousa, um dos presos ontem, cobrando propina por não ter reprimido o tráfico durante um fim de semana.

"Tua firma tá tranquilona, é rica. [...] Tá ficando bom pra todo mundo e só não tá ficando bom pra nós, mano, entendeu? [...] Isso aí é basicamente só uma compreensão que vocês tão mandando pra poder ficar tranquilo pra todo mundo e nós ir para casa comer aquele frango [sic]."

Segundo as investigações, os traficantes por vezes entregavam armas aos policiais para que, com as "apreensões", apresentassem resultados.

Numa conversa, um traficante avisa ao sargento que deixou uma carabina na geladeira de um barraco. O PM deixa no local, segundo a escuta, R$ 300 em troca do "apoio". A Folha não teve acesso a Souza.


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