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Projeto de Niemeyer, Copan tenta reformar sua fachada

Administração do prédio aguarda tombamento para obter patrocínio

Primeira etapa da obra, a retirada das pastilhas das paredes externas, será bancada pelo próprio condomínio

EVANDRO SPINELLI DE SÃO PAULO

Não dá para dizer que uma das obras mais significativas de Oscar Niemeyer em São Paulo esteja caindo aos pedaços. Mas que às vezes caem pedacinhos, isso é verdade.

Até o fim de janeiro, o edifício Copan, no centro de São Paulo, será cercado por uma tela de proteção que evitará a queda na rua de parte das pastilhas de sua fachada.

A ideia era obter patrocínio para restaurar toda a parte externa, mas isso ainda não foi possível, diz o administrador do edifício, Afonso Celso Prazeres de Oliveira.

Para viabilizar o patrocínio, falta o tombamento pelo patrimônio histórico, o que possibilitará a inclusão do projeto na Lei Rouanet.

A primeira etapa da obra -a retirada das pastilhas- será bancada pelo próprio condomínio.

A fachada é a parte que falta do projeto de restauro -avalizado por Niemeyer, diga-se. De resto, tudo já foi feito, inclusive a troca dos elevadores -os dois últimos, do total de 22, estão sendo instalados nesta semana.

Segundo estimativa do condomínio, o restauro da fachada deve custar ao menos R$ 23 milhões. Porém, Oliveira diz que o cálculo já tem alguns meses e pode estar desatualizado. Quando a obra for de fato realizada, terá de passar por nova avaliação.

O Copan é símbolo da obra de Niemeyer tanto pela forma, quanto por seu conceito e conteúdo. As curvas típicas do arquiteto -morto anteontem, aos 104 anos- emolduram um edifício projetado para abrigar uma galeria comercial nos dois primeiros andares e milhares de apartamentos para pessoas de todas as classes sociais nos outros 30 pavimentos.

CÔNCAVO E CONVEXO

Niemeyer nunca chegou a renegar o projeto, mas reclamou, por décadas, que o resultado final não era o que ele havia projetado. O teatro previsto pelo arquiteto, por exemplo, nunca foi feito.

"Foi a primeira vez que ele incluiu [na mesma obra] o côncavo e o convexo, como no projeto do Congresso. Era cinema em cima e teatro embaixo. O teatro nunca foi feito. A cúpula do cinema, que era um projeto lindo, também não", conta o administrador, que conversou com o arquiteto várias vezes sobre o edifício.

Outra reclamação era sobre o abandono de parte da galeria comercial.

O Copan tem 82 lojas no térreo, mas o projeto original incluía mais de 150 estabelecimentos, que ocupariam também a sobreloja.

Niemeyer também nunca aceitou a decisão de construir mais apartamentos nos blocos E e F. O projeto original previa um apartamento por andar, mas foram erguidos até seis em cada pavimento. "Isso mexeu muito com ele", diz Oliveira.

Apesar dos problemas, o arquiteto tinha carinho pelo edifício. Tanto que, quando completou cem anos, ao fazer a lista de suas obras que deveriam ser tombadas pelo patrimônio histórico, incluiu o prédio. É o único bem privado da lista.


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