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Isabel é a única mulher em grupo de 105 profissionais

Adriano Vizoni/Folhapress
Isabel, 35, única mulher que trabalha como guarda-vidas efetiva no litoral norte; ela está na função há sete anos, após trabalhar na Força tática da PM
Isabel, 35, única mulher que trabalha como guarda-vidas efetiva no litoral norte; ela está na função há sete anos, após trabalhar na Força tática da PM
DA ENVIADA AO LITORAL NORTE

Da areia da praia de Camburi, em São Sebastião, uma mulher que observa a correnteza do mar ganhou a simpatia dos banhistas.

"Hoje o mar está tranquilo", diz Isabel Dalla, 35.

O cuidado faz parte do trabalho diário de Isabel, a única mulher de um grupo de 105 guarda-vidas efetivos que atuam ao longo do ano no litoral norte paulista.

Está nessa função há sete anos, desde a transferência da Força Tática da PM para o Corpo de Bombeiros.

"Trocar tiro com bandido não é fácil", diz. "Nas condições de hoje, prefiro continuar a encarar a força do mar", conta Isabel, que já havia feito dois cursos de guarda-vidas antes de atuar nas areias do litoral paulista.

Apesar de ter reconhecimento pelo cargo, ela conta que já teve de encarar o preconceito, como na vez em que um homem desistiu da ajuda ao ver que teria que ser retirado do mar por uma mulher.

"Ele só me viu quando eu cheguei perto. 'Nossa, mas você é mulher? Sabe, acho que eu consigo sair'." Resultado: não conseguiu e teve que pedir ajuda de novo.

"Dei as costas e ele disse: 'Mas será que você pode ir me acompanhando de lado, só para eu ter certeza que posso sair?' No fundo, ele sabia que não ia conseguir sozinho."

O problema também atinge outros setores. "Muitos ainda têm aquela visão de que mulher não serve para o serviço", conta a guarda-vidas, que diz não se importar com críticas ou brincadeiras.

"Se alguém mexe comigo na areia, eu brinco e falo: 'Não sei nadar, hein?'."

Se durante o ano Isabel é a única do litoral norte, na temporada outras mulheres ganham espaço como guarda-vidas. Em Maresias, onde Isabel também atua, serão ao menos mais duas.

Jade Bevilaqua Vucina, 22, e Mariana Pirró, 32, foram selecionadas no concurso da Prefeitura de São Sebastião.

Antes de assumir a função, na última semana, passaram por testes físicos de resistência, como nadar e correr, prova e curso de treinamento.

"E o desempenho delas foi melhor que o de muita gente", conta o tenente Newton Krüger Júnior, comandante do grupo de salvamento marítimo de São Sebastião.

Segundo ele, não há diferença no processo de seleção para homens e mulheres.

É a primeira vez que as duas vão assumir o cargo.

"Quando soube do concurso, achava que não ia conseguir, mas fui superando. O esforço é grande, mas vale a pena", diz Mariana, enquanto observa, atenta, os banhistas saírem um a um do mar.

Ao lado de Mariana no serviço, a americana Jade, que veio da Califórnia para a praia de Maresias há quatro anos, diz que pretende continuar como guarda-vidas depois desta temporada de verão.

"Penso em me candidatar como efetiva", diz, com forte sotaque.


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