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Artista é encontrado morto em escadaria que reinventou no Rio

Corpo do chileno Selarón foi carbonizado em ponto turístico na Lapa; polícia investiga se houve homicídio

Namorada do artista disse à polícia que ele mudou testamento em novembro para excluir um ex-funcionário

Bruno Cesar/AFP Photo
O corpo coberto do artista Jorge Selarón, em frente à escadaria que foi trabalhada por ele
O corpo coberto do artista Jorge Selarón, em frente à escadaria que foi trabalhada por ele
DIANA BRITO DO RIO

O pintor e ceramista chileno Jorge Selarón, 65, foi encontrado morto ontem de manhã na mesma escadaria que ele transformou em ponto turístico no centro do Rio. Selarón é responsável pelo mosaico de azulejos que cobre os 215 degraus das escadas da Lapa.

Um isqueiro e uma lata de tíner, solvente altamente inflamável, foram encontrados pela perícia junto ao corpo. Outra lata do mesmo solvente foi achada no quarto do artista, que morava em uma das casas que ladeiam a escadaria. A polícia investiga se houve homicídio ou suicídio.

Namorada de Selarón, Luciana Gomes, 36, afirmou à Folha que, em novembro, o artista havia cancelado um testamento feito há oito anos. No documento, ele deixava parte de seus bens para Paulo Sérgio Rabello, ex-funcionário de seu ateliê.

Em entrevista publicada ontem pelo jornal "O Globo", Selarón dizia sofrer ameaças de Rabello. De acordo com o artista, o ex-colaborador teria ameaçado esfaqueá-lo em duas ocasiões, caso ele não concordasse em lhe entregar os ganhos com a venda de seus quadros.

Rabello não foi encontrado ontem em sua casa, vizinha da de Selarón. Ele será chamado para prestar depoimento no inquérito que investiga a morte do artista.

"Ele [Selarón] quis cancelar o testamento porque achava que o Paulo estava interessado em seu dinheiro. Não acredito que tenha cometido suicídio. Ele amava a vida, amava o que fazia", disse Luciana.

Vizinhos de Selarón contaram que o artista parecia deprimido nos últimos meses. "Ele falava que não aguentava mais o sofrimento. Mudou muito de dois meses para cá", disse Del Aquino, 45.

QUEIXA

No último dia 24 de novembro, o artista registrou queixa contra Paulo Rabello, que segundo ele teria quebrado alguns de seus quadros.

Ontem, pouco antes das 7h, Selarón tomou café da manhã em uma padaria na Lapa. Por volta das 7h15, vizinhos ouviram gritos de socorro na escadaria, que seriam de um assistente do artista identificado como Henrique, um dos primeiros a chegar ao local.

Outra vizinha, a administradora Lucineide Matos, 30, contou que chegou a ver o corpo ainda em chamas.

"Senti cheiro de pano queimado e corri para ver o que era. Ele ainda estava em chamas. Fiquei desesperada, chamei o rapaz que trabalhava no ateliê, mas ele já estava morto."


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