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Folha Verão

A noite vai ser boa

Para fugir das altas temperaturas deste verão, com máximas acima dos 40°C, cariocas aderem à prática noturna de esportes como escalada, ciclismo e surfe

Guilherme Taboada/Folhapress
O escalador Gideão Mello, no morro dos Cabritos, entre Copa e a Lagoa
O escalador Gideão Mello, no morro dos Cabritos, entre Copa e a Lagoa
FABIO BRISOLLA DO RIO

O feixe de luz da lanterna presa à testa de Gideão Mello, 30, ilumina dois metros de rocha à sua frente. Cercado pela escuridão, ele prossegue a escalada, a 280 metros de altura. O horário é improvável: 20h30 de uma segunda-feira.

Morador do morro dos Cabritos (entre Copacabana e a Lagoa), Gideão agora prefere subir a montanha acima de sua casa ao entardecer.

O motivo é simples: fugir do calor carioca que faz a pedra fritar a sapatilha de alpinismo nos dias de sol.

Os exercícios noturnos também têm ganhado adeptos na linha do chão. Para evitar o calor e adicionar certa emoção aos esportes, os mais aventureiros estão dispostos a nadar no mar de Copacabana ou pedalar nas ladeiras da Vista Chinesa -nos dois casos, em situações adversas, com pouca visibilidade.

A adesão é ainda maior em modalidades sob os holofotes da orla, como surfe (no Arpoador), vôlei, skate ou as tradicionais peladas.

Todos em busca de temperaturas mais amenas.

O verão de 2013 já registrou a máxima de 43,2°C no Rio, a maior já aferida pelo Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) desde os primeiros registros na cidade, em 1915.

Nos dez primeiros dias de janeiro, a temperatura média chegou a 33°C nas medições realizadas às 15h. Às 21h, os termômetros marcaram em média 27,9°C. Neste horário, o paredão do morro dos Cabritos ainda retém parte do calor acumulado no dia.

"Saio do trabalho, pego o material de escalada em casa e vejo o pôr do sol lá do alto", diz Gideão, que escalou na semana passada ao lado da mulher, a agente de saúde Stephany Raiol, 20, e do amigo Wener Tavares, 32, professor de educação física.

Do alto, ao anoitecer, os três apreciaram a vista panorâmica dos traçados de luz formados por bairros como Lagoa, Jardim Botânico, Copacabana e Botafogo.

Já no caminho que leva à Vista Chinesa, a graça para os ciclistas noturnos é o contato com a mata na escuridão. A ladeira é encoberta pelas árvores da Floresta da Tijuca e não tem iluminação pública. Ali não se enxerga nada à noite; quase todos pedalam de manhã.

Frequentador assíduo, o consultor imobiliário Lúcio Flávio Valadares, 69, reuniu amigos para arriscar um passeio de verão no escuro.

"O barulho da floresta é muito mais intenso durante a noite. É uma adrenalina a mais", afirma Valadares.

Mas é preciso cuidado, adverte. "Só dá para enxergar um metro à frente, onde vai o foco da lanterna, além dos vaga-lumes. Não dá para ter a noção exata nem mesmo da inclinação da ladeira."

As praias do Rio também têm sido descobertas à noite.

No início, era um tanto desconfortável, confessa o engenheiro químico Luiz Cláudio Mandarino, 42, que faz aulas noturnas ao lado do Forte de Copacabana. "Se aparecia um saco plástico na água, eu já achava que era tubarão", diz, aos risos.

Já adaptado, ele começou a aprender "stand up paddle", modalidade em que o sujeito rema de pé em uma prancha. A mulher de Mandarino, a professora Rosane Mello, 48, o acompanha. Ela diz que, além de fugir do calor, o casal descobriu nos passeios noturnos pelo mar um novo (e belo) ângulo do Rio.


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