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'Pragas' atormentam a cidade no verão

Temperatura alta, chuvas e descuido são motivos da invasão de bichos nesta época do ano; saiba como evitá-las

Na capital paulista, até 12,4% dos imóveis são infestados por ratos; cupins e percevejos também preocupam

GUILHERME GENESTRETI REGIANE TEIXEIRA DE SÃO PAULO

O casal Amilcar, 82, e Maria Rosa Bortolai, 79, tinha acabado de entrar em casa, num fim de tarde de abril do ano passado, quando o teto da sala desabou.

"A sensação era que tinha caído um avião ali dentro", conta a filha Adriana, 44.

O sobrado de 57 anos no Ipiranga, zona sul de São Paulo, estava tomado por cupins, que se alimentaram da madeira que sustentava o forro do telhado e forçaram a família a gastar R$ 150 mil na reforma do imóvel, que ainda está em andamento.

Assim como essa, casas de grandes cidades também são afetadas por pragas no verão, a estação mais suscetível para o aparecimento delas.

Isso acontece porque a umidade e as altas temperaturas encurtam o ciclo de reprodução de insetos como pernilongos, formigas e cupins, incentivando a sua proliferação e tornando-os mais ativos em busca de alimentação.

Já a maior concentração de baratas atrai predadores como escorpiões.

Jovens morcegos ensaiam seus primeiros voos. E ratos saem de suas tocas, desalojados por frequentes alagamentos.

"Há uma explosão desses bichos nesta época. As queixas mais do que dobram no verão", diz Sérgio Bocalini, vice-presidente da Aprag, associação paulista que reúne empresas controladoras de pragas, fabricantes e distribuidores de insumos contra esses animais. Segundo ele, baratas respondem por até 40% das solicitações.

Em São Paulo, os 2.700 agentes da Covisa (Coordenação de Vigilância em Saúde). atendem por mês cerca de 60 ocorrências de morcegos, 141 queixas sobre pombos e 933 solicitações sobre ratos.

RATOS E POMBOS

Até 12,4% dos imóveis na cidade estão infestados por roedores, segundo dados de 2010 da Covisa. Portões vazados e calhas sem grelhas, por exemplo, asseguram fácil acesso às casas, diz o engenheiro agrônomo Ludvig Genehr. "Muitos são atraídos pela ração de cachorro."

Vizinho de um córrego na Vila Formosa, região leste, o restaurador Marcelo Medeiros, o China, 38, trava batalhas diárias com os ratos em sua oficina de lambretas.

"Meu cachorro já matou um de 25 centímetros", diz ele, que tentou resolver o problema com produtos especializados. "Não posso sair da casa para fazer uma dedetização porque trabalho aqui."

Quem também se aproveita da boa oferta de comida são os pombos. "Ninguém dá comida para rato, mas dá para pombo porque acha bonitinho. Isso é um grande problema", afirma a veterinária Rosiani Bonini, que coordena as ações sobre esses animais no Centro de Controle de Zoonoses.

Essas aves são vetores de ácaros, que causam alergias na pele, e a poeira de suas fezes transmite criptocose, que afeta o sistema nervoso.

CUPINS E PERCEVEJOS

Na Tecnomad, empresa de controle de pragas, metade das queixas se deve aos cupins. "Praticamente toda a cidade está dentro do raio de ação deles", diz o biólogo Luiz Roberto Fontes.

Em 2002, ele fez um cálculo do prejuízo que duas espécies principais causariam à cidade. O valor estimado oscilava entre US$ 10 milhões e US$ 20 milhões anuais.

Mas a tendência do momento na capital é o percevejo. "Como ele fica na cama, não pode aplicar inseticida. O pente-fino tem de ser muito bem-feito", explica o biólogo João Justi Junior.


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