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Análise
Só garantir o primeiro acesso ao sistema de saúde não basta
Reorganizar o sistema, reordenar os fluxos, diminuir as filas de espera e integrar a rede deveriam ser prioridades, segundo os especialistas
A demora no agendamento de consultas e exames sempre foi o calcanhar de aquiles da saúde pública paulistana, e a falta de médicos e outros profissionais da saúde, uma das principais justificativas para o problema.
Nem a adoção nos últimos anos do modelo de gestão de OSs (organizações sociais), que possibilita uma melhor remuneração dos médicos, foi capaz de fixá-los nas regiões periféricas da cidade.
De acordo com dados do Cremesp (Conselho Regional de Medicina), 64% dos 14 mil médicos da rede municipal trabalham em unidades do centro expandido, ou seja, longe dos bairros com maior demanda de atendimento.
Mas não é só isso. No ano passado, uma auditoria feita pelo TCM (Tribunal de Contas do Município) apontou que faltava coordenação e controle da Secretaria Municipal da Saúde no agendamento dos exames.
Foi constatado, por exemplo, que o próprio sistema de marcação de consultas da prefeitura permitia que um mesmo paciente marcasse duas vezes o mesmo exame, o que gerava uma alta taxa de não comparecimento.
Ainda que tenha havido avanços na área nos últimos cinco anos (crescimento de 600% no número de consultas, de 50,6% no número de cirurgias e de 58% em exames), a nova administração de Fernando Haddad (PT) precisa avançar.
Reorganizar o sistema, reordenar os fluxos, diminuir as filas de espera e integrar a rede deveriam ser prioridades, segundo os especialistas em saúde pública.
Assim como manter a população da cidade informada sobre quando e onde o exame será realizado.
Garantir o primeiro acesso ao sistema de saúde é importante, mas não basta. É preciso assegurar também a continuidade de todo o tratamento em tempo hábil, com padrões do tempo máximo de espera nos serviços.