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Ator e diretor Zózimo Bulbul morre aos 75

Corpo do cineasta e ícone do movimento negro, que descobriu um câncer no ano passado, será enterrado hoje no Rio

Artista formou primeiro casal inter-racial da TV e dirigiu documentário premiado sobre situação dos negros no Brasil

DO RIO

Primeiro ator negro brasileiro a protagonizar relacionamentos inter-raciais tanto na TV quanto no cinema, o cineasta e ativista carioca Zózimo Bulbul morreu na manhã de ontem, aos 75 anos, em sua casa, no Rio.

Bulbul tinha câncer no intestino, diagnosticado em junho de 2012. Anteontem, um exame detectou que a doença se espalhara para o cérebro. Os médicos recomendaram internação imediata, recusada pelo ator.

"Ele estava muito doentinho, sofrendo demais", disse o cineasta Cacá Diegues, que dirigiu Bulbul em "Ganga Zumba" (1963).

"Não era só um ator de qualidade, mas um ícone e líder do movimento negro. Tinha uma capacidade imensa de agregar pessoas em torno dele. Fará falta porque tinha um papel artístico e político muito importante", disse Diegues.

Nascido Jorge da Silva, o ator iniciou sua carreira no Centro Popular de Cultura (CPC) da UNE, em 1960.

Adotou seu nome artístico ao começar a se destacar em filmes como "Cinco Vezes Favela" (1962)-no episódio dirigido por Leon Hirszman-, e "Terra em Transe" (1967), de Glauber Rocha.

Em 1969, formou um pioneiro casal inter-racial com Leila Diniz na novela "Vidas em Conflito" (TV Excelsior).

Ousado para a época, o romance entre um negro e uma branca foi retratado sem traços de intimidade entre eles. Após pressão dos atores para que houvesse uma cena de beijo, a trama foi alterada e o casal, desfeito.

Como diretor, sua principal obra foi o documentário "Abolição" (1988), que analisava a situação dos negros brasileiros nos cem anos seguintes à proclamação da Lei Áurea. O filme foi premiado no Festival de Brasília e no Festival Latino-Americano de Nova York em 1989.

A pouca repercussão do longa no Brasil o deixou frustrado. Para promover o cinema negro, criou um festival internacional e o Centro Afro Carioca de Cinema, no Rio.

Sua militância fez com que ele fosse um dos personagens entrevistados pelo cineasta americano Spike Lee para seu documentário "Go, Brazil, Go!", em produção.

"Mais que um ícone do seu tempo, é alguém que rompe paradigmas, faz o novo e por isso se torna conhecido no Brasil e no exterior. Ele nos deixa o exemplo de quem sempre quis fazer mais e melhor. E fez", disse a ministra da Cultura, Marta Suplicy, por meio de nota oficial.

Zózimo Bulbul era casado com a produtora e figurinista Biza Vianna. Seu corpo foi velado ontem, na Câmara Municipal do Rio, e será enterrado hoje, ao meio-dia, no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju (zona norte).


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