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Opinião

Foi o primeiro cineasta negro a confrontar o mito da democracia racial

JOEL ZITO ARAÚJO ESPECIAL PARA A FOLHA

Como se mede a importância de um artista? Pela obra deixada? Pela rede de amigos? Pela capacidade de impactar a sociedade?

Ator e diretor, Zózimo Bulbul, falecido ontem, preencheria com louvor todos os quesitos.

Além de artista profícuo, Zózimo foi, entre os cineastas negros, o primeiro a escapar e confrontar-se com o mito da democracia racial.

O racismo brasileiro, com sua pretensa sutileza, incomodou e provocou a sua sensibilidade. Mesmo tendo uma grande beleza física, criatividade e uma enorme capacidade de fazer amigos e agregar pessoas, também sempre foi uma de suas vítimas.

Um outro legado do Zózimo foram seus esforços em estreitar os laços entre a África, a diáspora negra e o Brasil. Esse é o propósito do Encontro de Cinema Negro Brasil, África e Caribe, que está em sua 7ª edição, do qual ele foi criador e curador.

Ao assistir "Amor", de Michael Haneke, revi o que assistia na rotina do casal amigo. Diante do avanço rápido da doença, Biza Vianna, sua companheira por 25 anos, cuidava do seu amor com o mesmo misto de devoção e bravura do personagem do marido no filme.

Zózimo, um apaixonado pela África e pelas religiões de matriz africana, criou com ela o Centro Afro Carioca de Cinema, espaço de formação de novos cineastas e de difusão da cultura negra.

Nós, cineastas afro-brasileiros, estamos tristes e de luto. Mas, seguramente, no Orum, hoje é um dia de festa.


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