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Desesperados, pais percorrem cidade em busca de notícias

Familiares até desmaiaram nas ruas diante da comoção e do calor de 35°C; funerárias de Santa Maria lotaram

Homem perdeu as duas filhas na tragédia; o terceiro filho também estava na boate e conseguiu escapar

DOS ENVIADOS A SANTA MARIA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM SANTA MARIA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Familiares e amigos de pessoas que estavam na boate Kiss, em Santa Maria (RS), perambulavam ontem em busca de informações, sofriam à espera do reconhecimento dos corpos e até desmaiavam nas ruas diante da comoção e do calor de 35ºC.

A família da estudante de radiologia Leandra Toniolo, 23, encontrou o corpo da jovem dentro de um caminhão da Brigada Militar. O veículo era usado para levar a grande quantidade de vítimas ao CDM (Centro Desportivo Municipal), no qual dois ginásios abrigavam os corpos.

De acordo com Michele Pereira, 34, amiga de Leandra, que também estava na boate, a estudante de radiologia encontrava-se no banheiro no momento do incêndio.

DUAS FILHAS

No CDM, um homem lamentava ter perdido duas filhas, uma de 20 e outra de 25, funcionárias da boate Kiss.

"Minha indignação não pode falar. Vou procurar justiça", disse ele, que pediu para não ser identificado. Outro filho dele, de 23 anos, também estava na boate, mas conseguiu escapar. Tentou depois procurar pelas irmãs, mas não as encontrou.

DOCUMENTO

A Defesa Civil chamava as famílias com documentos de identidades encontrado em alguns dos corpos. Havia, porém, muitos sem documento.

Em meio ao som frequente de sirenes de ambulância e à aglomeração de autoridades, voluntários e curiosos, havia pessoas que seguiam de hospital a hospital.

Andavam por esses locais antes de ir para os ginásios que concentravam os corpos, na tentativa de encontrar conhecidos vivos. A aglomeração fez com que alguns hospitais suspendessem visitas.

Algumas pessoas seguiam a cidades vizinhas, como Cachoeira do Sul, para onde parte dos feridos foi levada.

CAIXÕES

Durante a tarde, o Exército andava pelas ruas com dezenas de caixões. Funerárias preparavam os corpos para o velório em espaços improvisados. Nove umidificadores de ar foram instalados no velório, no final da tarde, na intenção de aliviar o calor.

À noite, faltavam coroas.

Grupos iam chegando a Santa Maria ao longo do dia. A estudante Jordana Corá, 21, saiu às pressas de São Miguel do Oeste (SC) com a família e andou mais de 400 km para chegar à cidade, procurando por uma amiga. Até o fim da tarde de ontem, não haviam conseguido nada.

De Porto Alegre, ônibus saíram lotados, e a empresa responsável pelo trajeto disponibilizou alguns extras para dar conta da demanda. Voluntários da área de saúde embarcavam gratuitamente. Os ônibus também transportavam doações.

No início da noite, passaram a se formar pequenos grupos com base na letra do alfabeto do desaparecido. Foi uma nova tentativa de organizar a procura.


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