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"Sou como o Guardiola", diz Neschling

Diretor artístico do Theatro Municipal se compara ao ex-técnico do Barcelona e promete casa lírica de referência mundial

Ex-regente e diretor artístico da Osesp, de 1997 a 2009, ele diz que não voltou ao Brasil para acertar contas

MORRIS KACHANI DE SÃO PAULO

Em sua primeira entrevista após assumir a direção artística do Theatro Municipal, o maestro John Neschling afirmou que a meta é transformá-lo em uma casa lírica de referência mundial.

"São Paulo não tinha uma grande orquestra e hoje tem. São Paulo não tem um grande teatro de ópera e terá", disse à Folha.

"Receber um convite para estruturar o Theatro Municipal -não é nem reestruturar, porque ele não estava estruturado-, é extremamente gratificante, e ao mesmo tempo eivado de armadilhas e perigos", acrescentou.

Neschling falou em "instalar um novo software" no Municipal, e nomeou uma equipe composta por profissionais que o acompanharam em outros projetos, como José Luis Herencia na direção geral e o maestro Victor Hugo Toro, seu assessor musical.

"Pretendo integrar todos os departamentos -balé, coro, orquestras, escolas- dentro de um grande objetivo. A ideia é transformar o teatro em uma fábrica de cultura."

Os desafios de Neschling passam pela regularização administrativa e por obras de infraestrutura.

As bases foram lançadas na gestão anterior, com a reforma do teatro e a criação de uma fundação de direito público e do projeto Praça das Artes, que abrigará os corpos artísticos e administrativo, e salas de ensaio e de concerto. Sobre o legado da gestão anterior, Neschling se diz decepcionado.

"Levei um susto ao descobrir quanto teria que ser feito estruturalmente", diz.

"É necessário entender que muita coisa que não foi feita não veio a público. A impressão que se tem, que eu chamo de 'nuvem de fumaça', é de que encontramos um brinco de teatro completamente pronto para receber tudo que se deseja. E não é nada disso. Algo foi feito na parte nobre e no palco. No resto, não."

"Nada foi feito na parte administrativa e a Praça das Artes não está nem no meio do caminho -aliás está bem no início do caminho", acrescentou o maestro.

"De toda forma, acredito que o processo de estabelecimento de uma organização social para administrar o teatro será concluído nos próximos 90 dias."

Carlos Augusto Calil, secretário de Cultura até dezembro passado, defende a reforma que foi feita: "Mexemos no que é fundamental, que é a parte do público. Não nos preocupamos em melhorar a sala do maestro ou os camarins. Lembrando que nossa verba foi de R$ 30 milhões, enquanto no Rio foram gastos R$ 70 milhões".

Sobre a Praça das Artes, composta por três módulos, ele afirmou que o primeiro já foi inaugurado e o segundo está inacabado, mas "apenas até certo ponto". "Falta acabamento acústico, mas os elevadores já funcionam."

"Neschling está acostumado com a Osesp, que é uma fundação de direito privado. No Municipal, o contexto é completamente diferente", acrescentou.

ACERTO DE CONTAS

Sobre seu passado na Osesp, que dirigiu de 1997 a 2009, Neschling diz que não veio a São Paulo "para acertar contas com ninguém, nem comigo mesmo. Sou um artista e sou um técnico. Altamente competente e respeitado internacionalmente no que faço."

"Eu sou como o Pep Guardiola [ex-técnico do Barcelona]. Sem preferências por este grupo político ou aquele. Fui chamado e recusado pelo PSDB. Foi uma experiência boa e ruim. Com o PT, sempre foi bom."

Sobre orçamento do Municipal para este ano, de R$ 64 milhões, Neschling diz que vai "precisar de meios para realizar" o que propõe. "Esses meios certamente vão significar um sacrifício para a prefeitura -parcerias com o governo federal e com a sociedade privada".

Sobre seu salário, que já foi tema de polêmica em sua passagem pela Osesp [cerca de R$ 110 mil na época], limitou-se a dizer: "Meu salário é bem menor do que o que eu

tinha".


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