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Clovis Leite de Almeida (1926-2013)
Um médico que morou no HC nos anos 50
ESTÊVÃO BERTONI DE SÃO PAULOEm 20 de março de 1953, aos 26 anos, Clovis Leite de Almeida deixou sua vida de contador e ex-funcionário de gráfica para trás. Naquele dia, ele assistiu sua primeira aula no curso de medicina da USP.
A data foi tão marcante para ele e os colegas que aquela turma (a 40ª, da qual saíram 73 médicos) passou a se encontrar todos os anos no mesmo dia da primeira aula. Criou-se até o Clube 20 de Março.
Filho de trabalhadores rurais, nasceu em Barra Bonita (SP), passou por Pederneiras e, aos 16, veio a São Paulo. Na 1ª Igreja Batista da capital, conheceu um pastor que era médico e se encantou pela profissão. A família tentou desestimulá-lo, pois lhe faltavam condições financeiras para se manter. Mas ele não desistiu.
Quando estudante, morou no Hospital das Clínicas, onde trabalhou depois de se formar em 1957. Em 1958, casou-se com Thilda, que ele havia conhecido na igreja e, um ano depois, teve a única filha, Maria Sílvia, nascida no HC.
A filha, quando pequena, acompanhava o pai no trabalho, nas férias. Ele a vestia de médica e a ensinava sobre a profissão. Quando cresceu, ela se formou médica na USP.
Em 1984, Maria Sílvia levou um susto ao tirar seu CRM, de nº 48.025. O do pai, registrado em 1959, era o 8.025.
Cirurgião-geral e depois anestesiologista, fez sua carreira em Osasco. Atuou até março de 2012, na parte administrativa de um hospital. Em maio, descobriu um câncer.
Era brincalhão com a família, mas ficou introspectivo quando soube que, para seu caso, não havia mais tratamento. Morreu no dia 25/1, aos 86. Deixa dois netos, um deles aluno de medicina na USP.