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Longe de ataque, turista ignora crise em SC
Neste Carnaval, 22 prédios públicos e veículos foram atacados, nenhum em área turística
Enquanto os moradores enfrentam as restrições no transporte público causadas pela onda de violência, os estimados 450 mil turistas que escolheram Florianópolis para o Carnaval praticamente ignoraram o transtorno.
Nenhum dos 22 ataques em Santa Catarina durante o Carnaval ocorreu em área turística, segundo a PM. Ao todo, foram 95 casos durante 14 dias, em 30 dos 295 municípios.
Os mais graves envolvem a queima de ônibus, interrompendo linhas e limitando os horários de circulação, e ataques a prédios públicos.
Nos últimos dois dias foram quatro ataques. Em um deles, criminosos incendiaram um carro da Guarda Municipal de Tubarão.
Em Jurerê Internacional, a praia preferida pelos turistas paulistas, o clima ontem era de tranquilidade.
Uma concessionária expunha Ferraris e outros carros de luxo em estande no caminho para a praia, guardados por só um segurança.
Há dez anos com uma barraca na areia, Claudia Cunha, 43, disse que o movimento neste Carnaval está parecido com o do ano passado.
"Comigo, nenhum turista comenta sobre os ataques, eles só reclamam dos preços altos", disse Claudia, que vende água de coco a R$ 6.
"Até que me preocupei, mas, depois que cheguei, não tem como pensar muito nisso, é festa dia e noite", disse a psicóloga paulistana Patricia Siqueira, 37, há cinco anos frequentadora de Jurerê.
Para Patricia, o problema em Jurerê não é a violência. "Baixou um pouco o nível, já tem muita agência de viagem vendendo a prestações. Você vê a decadência no estacionamento. No primeiro ano, levei o meu filho à garagem do hotel para ver Ferrari. Neste ano, só carros normais."
Segundo trabalhadores do comércio, os principais efeitos para os turistas foram a escassez de táxis, mais requisitados com o transporte público falho, e a falta de carros nas locadoras (utilizados na escolta de ônibus).
Na semana passada, o sindicato dos hotéis de Florianópolis afirmou que não houve cancelamento de reservas por causa dos ataques, mas a entidade teme prejuízos no futuro caso a crise continue.
A onda de ataques começou em 30 de janeiro e teria sido ordenada de dentro das unidades prisionais por causa de maus-tratos sofridos. O governo de Santa Catarina diz que a violência é motivada pelo aumento da repressão ao narcotráfico e por mudanças no regime penitenciário.