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John Wilson (1919-2013)

Engenheiro sobrevivente de guerra

ESTÊVÃO BERTONI DE SÃO PAULO

Durante a Segunda Guerra (1939-1945), a mãe de John Wilson recebeu um telegrama em casa, na Escócia, informando que o filho havia morrido em conflito. Não havia.

Engenheiro nascido em Glasgow, John foi servir ao Exército, e o navio em que estava acabou bombardeado pelos japoneses. Passou 12 horas no mar até ser resgatado, só que pelas forças inimigas. Ao longo de quase quatro anos, foi prisioneiro de guerra.

Quando o conflito acabou, ele e outros sobreviventes foram transferidos para um hospital na Nova Zelândia, para que se recuperassem. Ficou mais de um ano no país.

Na primeira oportunidade, enviou uma carta para casa. A mãe, que o tinha como morto, quase desmaiou ao abri-la.

John ainda passou pelos EUA antes de voltar para a Escócia. Nos anos 50, veio ao Brasil inspecionar uma termoelétrica. E não mais voltou.

A mulher, Dorothy, 81, também escocesa e com quem estava casado desde 1954, conta que o marido trabalhou na Motores Perkins e depois como autônomo. O engenheiro e amigo Bruno Piagentini lembra que John, em sua época, foi um "ícone na perícia de engenharia" no Brasil, país que adorava e conheceu inteiro em viagens com a mulher.

Era alegre e não reclamava de nada, segundo Dorothy. Sobre a guerra, não guardou ódio ou rancor. Dizia que os soldados do outro lado também não queriam lutar -só estavam cumprindo ordens.

Visitava a Escócia todo ano, até sofrer um acidente vascular cerebral há cinco anos. Tinha problemas respiratórios. Morreu na sexta, aos 93, após parada cardíaca. Teve dois filhos, quatro netos e bisneto.


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