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No verão, moradores de rua rumam ao litoral

Praias paulistas oferecem temperaturas mais agradáveis para dormir ao relento e menos riscos de ataques

RICARDO HIAR COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
EM CARAGUATATUBA

A temporada de verão, que enche de turistas as praias paulistas, atraiu uma série de moradores de rua que deixam São Paulo e outras cidades do Estado rumo ao litoral em busca de calor, segurança, gorjetas mais generosas e maior oferta de comida.

Eles descem a serra de carona ou caminhando, em peregrinações que podem durar até duas semanas.

Como recompensa pela jornada, esperam levar uma vida melhor nos meses em que as ruas e o comércio da praia movimentam mais dinheiro.

A reportagem conversou com algumas dessas pessoas que decidiram passar uma temporada no litoral norte.

Segundo os relatos, as ruas da praia oferecem vantagens, como menor risco de ataques na madrugada e uma temperatura mais agradável ao dormir ao relento.

No litoral, dizem, é mais fácil conseguir comida doada por restaurantes ou turistas.

Aldo de Jesus, 35, diz ter caminhado 15 dias para completar o trajeto entre São Paulo e Caraguatatuba. Chegou à cidade no início de janeiro para passar sua quinta temporada consecutiva na praia.

"Aqui é bem mais fácil conseguir comida e bebida. Também não é difícil conseguir uns trocados olhando carros", afirma o andarilho.

Também vinda de São Paulo, Amanda Lima dos Santos, 27, chegou antes do Natal à Caraguatatuba com o namorado Elvis Souza, 33, e não tem previsão de volta. O casal dorme em quiosques da praia. "Aqui tem menos disputa para conseguir um canto para dormir e sempre tem alguém pra oferecer comida", diz ela.

LONGA JORNADA

Everton Machado, 23, saiu de casa há três meses por causa das drogas. De Bauru, no interior paulista, partiu com a ideia de conhecer a praia.

As amizades nas ruas e nos albergues o levaram para bem longe, Campo Grande (MS), onde pintava o rosto e pedia gorjetas nos semáforos. Juntou uns trocados e resolveu seguir para São Paulo. Na rodoviária, um colega morador de rua indicou Ubatuba.

"Falaram que era cidade pequena, muito bonita e que tinha praia. Não pensei duas vezes e fui pra lá", diz, após banho de mar em Caraguatatuba, vizinha a Ubatuba.

Nem todos, porém, encontram o que procuram. Sidnei Ferreira, 53, chegou ao litoral com o objetivo de encontrar trabalho e recomeçar a vida.

Queria emprego com alojamento. Dormiu por um mês numa construção abandonada, sem água e luz, desistiu e voltou para São Paulo, onde buscaria ajuda num albergue.

Conseguiu a passagem para a capital com ajuda da Prefeitura de Caraguatatuba, que dá a assistência aos migrantes da população de rua.


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