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Morre empresário baleado no Jardim Europa

Dono de imobiliária, de 70 anos, levou três tiros após se recusar a entregar a criminoso seu relógio, avaliado em R$ 177 mil

Câmera de loja na avenida Europa gravou proprietário e, depois, ladrão chegando à sede da imobiliária

DE SÃO PAULO

O empresário João Alberto de Camargo Cardoso, 70, baleado ao reagir a um assalto no Jardim Europa (zona oeste de São Paulo), morreu na noite de anteontem.

O corpo foi enterrado no cemitério do Morumbi, em cerimônia fechada. Amigos e familiares não deram declarações. Cardoso deixou três filhas e três netos.

O crime ocorreu de manhã na imobiliária Esquema, de sua propriedade, na av. Europa. Após ser perseguido por um motoqueiro, Cardoso estacionou seu carro, blindado, e se refugiou no escritório.

O ladrão o seguiu e exigiu seu relógio Patek Philippe, avaliado em R$ 177 mil.

Cardoso se recusou três vezes a lhe entregar a peça. Na terceira negativa, o ladrão puxou o relógio de seu braço e disparou três vezes.

Um dos tiros atingiu o rosto do empresário, que foi levado para o hospital Albert Einstein, onde morreu.

Segundo a polícia, a câmera de uma loja na avenida gravou Cardoso chegando em sua Mercedes Benz CLS 350 apressadamente, ultrapassando outros carros. Ele saiu do carro e entrou nervoso. Em seguida, chega o ladrão.

Uma funcionária relatou à polícia que pediu ao chefe que entregasse o relógio ao ladrão. Vizinhos disseram à Folha que ela implorava.

Havia quatro pessoas no local -dois clientes e dois funcionários. Elas contaram que o bandido entrou com a arma em punho, após parar a moto do outro lado da via. Uma delas se escondeu debaixo de uma mesa e chamou a polícia.

O delegado que investiga o caso diz que a principal linha de apuração é latrocínio (roubo seguido de morte).

Ele estranhou, porém, a atitude do criminoso, que se expôs ao agir sozinho, e a rea-ção do empresário, que desceu do veículo blindado.

"Foge do habitual. Tanto o criminoso quanto a vítima tiveram reações incomuns."

Eduardo Vaz, advogado da família, descarta a hipótese de crime encomendado. "Contamos com a competência da polícia para localizar os responsáveis."

'PLASTICÃO'

O crime era o assunto de ontem nos estabelecimentos vizinhos à imobiliária, mas ninguém disse ter notado a perseguição. Sempre bem vestido, Cardoso costumava comprar rosas brancas em uma floricultura próxima.

"Ele era uma ótima pessoa, muito trabalhador. Mas era teimoso também. Eu falei para ele parar de usar aquele relógio caro, mas ele usava mesmo assim", afirmou um jornaleiro, que pediu anonimato.

Os vizinhos dizem acreditar que o ladrão já conhecia a rotina de Cardoso, que chegava sempre por volta das 9h à imobiliária e fazia o mesmo trajeto desde a Cidade Jardim, onde morava.

"O bandido já sabia antes o relógio que ele tinha", disse uma vendedora de carros de luxo. "Hoje em dia, não dá mais, tem que andar de plasticão mesmo."

Em 2012, a delegacia da região registrou 1 dos 101 latrocínios da cidade. Até a conclusão desta edição, ninguém havia sido preso.


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