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Maria do Carmo da Silva Nunes (1956-2013)

A cortadora de cana e sua cozinha

ESTÊVÃO BERTONI DE SÃO PAULO

Na mineira Frei Inocêncio, que hoje tem 8.920 habitantes, Maria morava a 10 km de Adão. Mas não se conheceram lá. Isso só foi ocorrer em Sertãozinho, para onde se mudaram em épocas distintas.

Filha de um trabalhador rural e de uma dona de casa, Maria do Carmo da Silva Nunes transferiu-se para o interior paulista aos 23 anos, com a família. Até então, dedicara-se a ajudar a mãe nos trabalhos domésticos. Única mulher entre quatro irmãos, criava porcos e galinhas e fazia farinha para ser vendida.

Estudou o suficiente para aprender a ler e a escrever e não continuou na escola porque a mãe, muito exigente, tinha medo de deixá-la sair sozinha de casa. O colégio era longe do local onde morava.

Em Sertãozinho, conheceu Adão, hoje aposentado, e com ele se casou em 1983. Os dois trabalharam na lavoura.

Maria, segundo o marido, chegava a cortar nove toneladas de cana por dia. E fez isso por cerca de 25 anos.

Adão, que cortava 14 toneladas/dia, como diz, lembra que, na época em que o casal trabalhava, a tonelada valia para o cortador cerca de R$ 6.

Foram morar na casa própria, ainda sem piso, em 1988. O imóvel foi crescendo e hoje tem dois quartos, sala, cozinha e banheiro. O sonho de Maria -que, depois de deixar a lavoura, passou a cuidar de idosos- era construir uma cozinha maior, para poder receber filhos e netos em casa.

Brincalhona e atenciosa, como é descrita, não teve tempo de ter a cozinha. Encontrada caída no quarto, acabou internada. Morreu no domingo (3), aos 56, devido a um acidente vascular cerebral. Teve quatro filhos e cinco netos.


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