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Cotidiano

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Motoristas bebem e dirigem mesmo após endurecimento da lei

Em toda a capital, uma única equipe da PM organiza os bloqueios; falta opção de transporte, dizem especialistas

ELVIS PEREIRA DE SÃO PAULO

Vou fazer o teste [do bafômetro], não vou dar trabalho. Tem banheiro aqui? Como o senhor se chama?", pergunta o motorista de uma caminhonete, visivelmente bêbado, a um policial militar.

"Não adianta ficar me enrolando", rebate o PM, em uma blitz na Barra Funda, zona oeste, na madrugada do dia 24 de fevereiro.

Mais de dois meses após a nova Lei Seca entrar em vigor, motoristas ainda bebem e dirigem em São Paulo. Entre os dias 21 e 24 de fevereiro, a Folha acompanhou nove blitze para conferir a quantas anda o cumprimento da lei.

Em toda a capital, por noite, uma única equipe da Polícia Militar organiza de três a quatro bloqueios em rotas de bares e restaurantes, normalmente em bairros do centro ou próximos a esses.

Ao todo, no período acompanhado pela reportagem, foram multados por embriaguez 34 dos 507 motoristas que sopraram no bafômetro, uma taxa de 7%.

"Agora, não tem volta: ou essa lei pega ou pega", afirma o deputado federal Edinho Araújo (PMDB-SP), autor do substitutivo que tornou a legislação mais rigorosa. Até dezembro, a lei federal, de 2008, não havia "pegado".

E, para que isso ocorra, é consenso que será necessário a combinação de fiscalização, campanhas, mudança de hábitos e mais transporte público. Tudo isso de forma contínua.

Por enquanto, o que se ouve nas ruas são promessas, lamentos e tentativas de despistar. "É a comemoração do meu aniversário, não dá desconto?", questionava, em tom de brincadeira, um motorista cujo teste deu positivo. Ele foi parado na Vila Olímpia, zona oeste.

TOLERÂNCIA ZERO

Sancionada em dezembro, a nova lei "dispõe de todos os instrumentos para pôr a casa em ordem", segundo o desembargador Damião Cogan, presidente da 5ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça paulista. "Ficou claro que qualquer quantidade [de álcool] gera infração administrativa, o que acho bastante razoável."

A gestão do governador Geraldo Alckmin (PSDB) promete iniciar ações integradas, já testadas. Nelas, PMs atuam com o Detran e as polícias Civil e Técnico-Científica.

"Devemos fazer no meio do mês, num fim de semana, na capital, e no restante do Estado até o fim deste mês", diz Daniel Annenberg, diretor-presidente do Detran paulista.

"Que as autoridades cumpram sua obrigação de baratear o táxi, fazer o metrô funcionar a noite toda e pôr segurança na rua", diz Percival Maricato, diretor jurídico da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes). Ele afirma que o setor teve uma "terrível queda de faturamento" neste ano.

A Secretaria Municipal de Transportes diz que está estudando a melhor forma de operar o "Táxi Amigão", de 2009, que reduzia em 30% a tarifa de táxis no período das 20h às 6h.

Sobre a circulação de mais ônibus na madrugada, a pasta diz que a população pode sugerir alterações -hoje, 98 linhas operam no período, o equivalente a 7% das 1.350. Que a lei é rigorosa é fato, mas, para funcionar, ela precisa de ajuda.


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