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Isso é justiça?

Aposentado que teve filha morta pelo genro agora briga para que ele seja preso e perca pensão

RESUMO O professor Claudemir Nogueira, 48, confessou à polícia e à Justiça ter enforcado e matado a mulher, Mônica El Khouri, fisioterapeuta do Sesi, em 2009, na casa onde viviam. Antes, ele tentou simular que Mônica havia cometido suicídio. Apesar da confissão, Nogueira ganha pensão do INSS pela morte e segue como funcionário do governo estadual. O aposentado El Khouri, pai da vítima, tenta tirar a pensão dele e reclama da morosidade do Estado.

(...) Depoimento a

FÁBIO TAKAHASHI DE SÃO PAULO

Percebi que algo estava errado no dia do velório da minha filha. Perguntei a ele: 'Você já ligou no Sesi?' Eu me referia a algum tipo de apoio psicológico que as empresas dão. Ele disse: 'Sim, já estou vendo o negócio da pensão'."

Começamos a recordar e lembramos que ele queria que o enterro fosse feito no dia que o corpo havia sido achado. Ele não deixava as luzes serem acesas enquanto o corpo ainda estava em casa. Disse para não falarmos com a imprensa, se fôssemos procurados. Parecia que queria esconder algo.

Ele é muito ardiloso. Esperou ela dormir. Depois, tirou o corpo do quarto, levou para a sala. Foi trabalhar, aplicou provas, mandou mensagens para o celular da Mônica. Queria confundir a investigação policial.

Os bombeiros, que chegaram primeiro à casa deles, disseram que a morte havia sido por causas naturais.

Achamos estranho, não sabíamos de nenhum problema de saúde dela. Pedimos outra avaliação. No Serviço de Verificação de Óbito, perceberam a marca no pescoço.

Passei a ir todos os dias ao DHPP [departamento da polícia que investiga homicídios], por quase um ano, para saber das novidades.

O delegado Cesar Camargo, que participou da apuração, já tinha certeza que era ele. Mas não queria se precipitar e perder a chance de levantar mais provas.

Então ele confessou [pressionado por elementos levantados pela investigação].

Tenho certeza que a motivação foi financeira. Três meses antes do crime, ele sacou todo o dinheiro da conta dela. No processo, descobrimos que ele abriu uma previdência privada. Eu não sou rico nem pobre, mas não me sobram R$ 700 por mês para fazer uma poupança dessa. Ele está melhor do que eu.

Dias depois da confissão, em dezembro de 2010, começou outra luta. Fui a vários postos do INSS, na Vila Mariana, na Vila Leopoldina, para contar o caso da pensão.

As pessoas ficavam sensibilizadas, mas, na hora de fazer algo, diziam que não podiam ajudar. A maioria nem quis dar um protocolo.

Na Vila Mariana, o gerente ficou muito bravo quando soube que um funcionário dele aceitou analisar o caso. O pedido foi encaminhado para o Rio. E não temos mais nenhuma informação.

Na Justiça, é outra batalha. Até hoje ele não foi julgado. Isso é justiça?

No Ministério Público, cada hora é um promotor que está no caso. Alguns vão para a sessão quase que só de corpo presente, nem sabem direito qual é o caso.

A situação me deixa descrente e revoltado com INSS, Secretaria da Educação, Procuradoria-Geral do Estado, Justiça. Ele confessou, mas está vivendo com a família, ganhando salário e pensão. Não ficou um dia preso. Está no caminho para conseguir aposentadoria por incapacidade na Secretaria da Educação. Ele continua agindo.

Mas vou fazer o que for necessário para que a situação mude. Para que haja justiça.


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