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Promessas da gestão Haddad já somam R$ 13,9 bi em 77 dias
Desde o início do mandato, em 1º de janeiro, prefeito e secretários anunciaram 13 projetos; metas são difíceis
Valor inclui parcerias com Estado e União; com parte do orçamento congelado, cidade vive situação financeira delicada
Desde que assumiu a prefeitura, há 77 dias, o prefeito Fernando Haddad (PT) e seus secretários anunciaram 13 medidas que custarão ao menos R$ 13,9 bilhões para ser colocadas em prática.
As medidas anunciadas incluem promessas de campanha e novos projetos.
As promessas englobam a construção de unidades hospitalares, incentivos financeiros a empresários que construírem creches, o Bilhete Único Mensal, entre outras.
Por dia, são cerca de R$ 180 milhões em promessas desde 1º de janeiro. Para arcar com os custos, além do dinheiro do caixa do município, a prefeitura pretende recorrer a verba dos governos estadual, federal (em ao menos 5 iniciativas) e de empresas, por meio de parcerias público-privadas.
Como comparação, os R$ 13,9 bilhões equivalem a um terço do orçamento da cidade. O valor total é três vezes e meia maior do que o gasto nas obras da 1º fase da linha 4-amarela do Metrô (R$ 3,8 bilhões).
Os anúncios se dão num momento em que não há folga nas finanças paulistanas.
Em janeiro, para tentar equilibrar as contas, Haddad determinou o congelamento de R$ 5,2 bilhões do orçamento deste ano, ou 12% da receita prevista.
Não foi suficiente: há três semanas, o prefeito determinou que seus secretários cortassem 20% de todas as despesas, revendo contratos.
Boa parte das metas é difícil de ser cumprida num único mandato, dizem especialistas ouvidos pela Folha. O quadro ao lado mostra o promessômetro, que aponta a viabilidade dos projetos.
CAMPANHA
Nessa conta, devem-se incluir investimentos para a construção do espaço que pode abrigar a Expo 2020, em Pirituba. São cerca de R$ 4,5 bilhões para desapropriação do terreno e construção do centro de convenções.
O governo federal já anunciou que dará R$ 680 milhões, e a construção também terá parceria com empresas.
Logo no início do mandato, Haddad optou por implementar iniciativas que foram a base de sua campanha: além de criar o Bilhete Único Mensal, acabar com a taxa da inspeção veicular e construir corredores de ônibus, cuja licitação foi feita no mandato anterior.
Com as chuvas de janeiro, Haddad deu fim à lua de mel com Gilberto Kassab (PSD) e criticou a gestão do ex-prefeito, dizendo que os semáforos estavam sucateados. Após a crítica, anunciou R$ 100 milhões para renovar o sistema nos 6.156 cruzamentos semaforizados da cidade.
NADA FÁCIL
Para tentar dar fim à fila de 94 mil crianças à espera de creche, Haddad prevê buscar ajuda de empresários para que eles construam unidades para filhos de funcionários.
Por meio do Fundeb (Fundo Nacional de Educação Básica), seriam oferecidos R$ 5.500 por aluno ao ano como incentivo para a construção.
Sem valores previstos para investimentos, essa deve ser uma das promessas mais difíceis de cumprir.
"É uma responsabilidade enorme para as empresas assumir a gestão de uma instituição de educação. As empresas podem não aceitar esse tipo de iniciativa", diz Ilona Becskeházy, consultora na área de gestão educacional.