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Mirian Goldenberg

Campeão do sexo

A representação do brasileiro como campeão do sexo provoca uma sensação de inadequação

O brasileiro é o povo mais ativo sexualmente de todo o mundo.

O brasileiro faz sexo 145 vezes por ano: só perde para o grego, que faz 164 vezes por ano.

O brasileiro dedica mais tempo ao sexo do que quase todos os outros países. No Brasil, cada relação sexual dura, em média, 21 minutos. A média mundial é de 18 minutos. O Brasil só perde para a Nigéria, país onde o tempo médio da relação é de 24 minutos.

O Brasil, na América Latina, é o país em que homens e mulheres têm o maior número de parceiros sexuais ao longo da vida: uma média de 12, contra dez nos países da América Latina em geral.

O brasileiro é o povo mais infiel do mundo.

O brasileiro faz sexo, em média, três vezes por semana.

Frequentemente nos deparamos com pesquisas que mostram que o brasileiro é um verdadeiro campeão do sexo.

Esse quadro é bem diferente do que encontro nas minhas pesquisas.

Muitas mulheres que entrevistei reclamam de:

- dificuldade ou impossibilidade de atingir o orgasmo;

- necessidade de fingir o orgasmo para deixar o parceiro feliz;

- secura vaginal, dores com a penetração, perda da libido;

- incapacidade de seduzir e de agradar um homem;

- falta de desejo, falta de prazer, de intimidade, de experiência e de carinho;

- insegurança com o próprio corpo e com os próprios odores;

- vergonha das gorduras, das estrias, das celulites, dos peitos caídos e da bunda flácida;

- medo de falar sobre o que gosta na cama.

Apesar da fama de país tropical, onde supostamente viveriam mulheres e homens obcecados por sexo, o que tenho encontrado nas minhas pesquisas é uma enorme insatisfação sexual.

A representação do brasileiro como um povo campeão do sexo faz com que muitas pessoas se sintam distantes de uma performance idealizada em termos de qualidade e de quantidade.

A força dessa representação pode estar provocando uma grande frustração até mesmo em pessoas cuja vida sexual pode ser considerada bastante satisfatória.

O mito sobre o sexo campeão do mundo, quando comparado com a realidade da maior parte dos brasileiros, parece estar escondendo, ou até mesmo produzindo, a sensação de inadequação e também a de profunda miséria sexual.


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