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Ciência cosmética

Cremes faciais e produtos para o cabelo usam apelo de genes e células-tronco para atrair consumidor

ALEXANDRE DALL'ARA DE SÃO PAULO MARIANA VERSOLATO EDITORA-ASSISTENTE DE "CIÊNCIA+SAÚDE"

Pegando carona em pesquisas médicas e avanços recentes relacionados a células-tronco e terapia genética, empresas de cosméticos tentam conquistar o consumidor com um apelo "científico".

Há produtos que se gabam dos supostos benefícios das células-tronco de uva e maçã. É o caso do Initialist (R$ 340), condicionador da Kérastase com ativos extraídos da macieira, e do creme facial Power Charge (R$ 2.300) da La Prairie, com algas e fitoextrato de uva suíça.

Já o apelo "genético" aparece na linha Renew Genics da Avon e nos produtos Active, do Boticário.

As tais células-tronco usadas nos cosméticos são de origem vegetal --na verdade, células meristemáticas, que têm função semelhante às células-tronco humanas (capacidade de se dividir e formar novas estruturas).

Mas, segundo o biólogo e pesquisador do Instituto D'Or Daniel Furtado, esses fatores vegetais dificilmente teriam efeito em células humanas.

"O que essas células-tronco podem fazer de diferente de um extrato vegetal comum?", questiona o biólogo, que atribui o uso das substâncias ao marketing.

"As empresas se aproveitam do apelo popular da ciência para lançar esses produtos. Muitos consumidores até sabem que a publicidade é exagerada, mas o desejo de rejuvenescer os leva a buscar gratificação, na maioria das vezes, ilusória", diz o dermatologista Davi de Lacerda.

João Hansen, presidente da Associação Brasileira de Cosmetologia, diz desconhecer o efeito das células-tronco vegetais, mas afirma que o benefício delas para a pele é "perfeitamente possível".

"Se há ou não abuso na publicidade eu não sei dizer. Mas sei que as empresa de renome têm justificativa para o que estão falando, não agem só pelo modismo", afirma.

REGULAÇÃO

Para Lacerda, as empresas de produtos de beleza tentam conquistar o consumidor "manipulando termos na sua publicidade e nos rótulos". "A maioria das empresas maquia as informações no limiar da legalidade de cada país, que no caso dos cosméticos é bastante complacente."

Cosméticos de baixo risco para o consumidor não passam por avaliação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) antes de entrar no mercado.

Mas, segundo a agência, as fabricantes devem ter comprovação científica da eficácia dos produtos e podem ser responsabilizadas legalmente por afirmações enganosas.

Em geral, os testes realizados pelas empresas são feitos com um número pequeno de voluntários que avaliam o efeito percebido do produto.

"É muito subjetivo. O ideal seria comparar o produto real com outro placebo, sem eficácia", afirma Furtado.

Sobre as novas tecnologias propagandeadas pela indústria, a Anvisa diz que não existe consenso científico.

"No caso das células-tronco não há como comprovar a eficácia porque não há legislação que sustente o uso dessas substâncias", diz o gerente-geral de cosméticos da agência, Marcelo Sidi Gacia.


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