Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Equilibrio

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Corrida de guerra

Provas inspiradas em treinamentos militares começam a ganhar espaço no calendário de corridas do Brasil

RODOLFO LUCENA DE SÃO PAULO

Cruzar um campo em chamas, atravessar um lago de lama gelada, arrastar-se sob arame farpado --eis alguns dos desafios das corridas de obstáculos, que são inspiradas em treinamentos militares e testam os limites da resistência humana.

Cada vez mais popular no exterior, esse gênero de prova também começa a conquistar adeptos no Brasil.

"Está em jogo a superação, o desafio de fazer algo diferente do comum", diz Mauricio Fragata, que organiza a Xtreme Race, marcada para novembro em Atibaia (SP).

"Os participantes buscam não só uma boa colocação, mas muita diversão", afirma Alessandro Vicente Custódio, proprietário da Black Trunk Extreme Sports, que produz uma corrida do gênero em Florianópolis em dezembro.

Uma explicação mais ampla é dada por Steffen Cook, assistente de marketing da norte-americana Spartan Race: "Muita gente passa pela vida procurando tornar tudo mais fácil, usando micro-ondas, andando de carro. Talvez o que esse povo precise é de uma boa briga contra seus demônios interiores."

Esse gênero de prova vem crescendo apesar --ou talvez por causa-- das dificuldades que oferece. Ao menos duas pessoas morreram ao longo dos mais de 25 anos em que são realizadas na Grã-Bretanha as provas Tough Guy. Há registros de pescoços quebrados, fraturas e hipotermia.

Os riscos parecem fortalecer a sedução dessas provas, em que homens e mulheres competem no mesmo terreno, sozinhos ou em equipes.

Há também provas para crianças a partir de oito anos e para a família toda. As distâncias e o número de obstáculos variam --há corridas de 5 km e provas com menos de dez e mais de 40 estações.

Essa amplitude talvez colabore para o crescimento dos eventos. A norte-americana Spartan Race chega a atrair 15 mil desafiantes em um fim de semana e tem mais de 15 eventos programados para o ano que vem em diversos países. A empresa diz ter planos para trazer o evento ao país.

Se vier, vai trabalhar em terreno fértil, a julgar pela resposta que os organizadores das provas brasileiras estão recebendo. Na primeira semana de inscrições, a Black Trunk teve 200 registros ""um quinto do total de vagas--, enquanto a Xtreme contabilizava, há cerca de dez dias, mais de 400 inscritos.

"Essas pessoas têm um alto grau de competitividade. Quanto maior a tensão, maior o desejo de testar suas habilidades", diz Ana Lúcia Godoy, especialista em psicologia esportiva.

A recompensa interior é grande, afirma. "Quando o atleta se sente confiante em suas habilidades e no controle de suas ações, experimenta sentimentos de poder."

Isso pode levar a exageros, adverte a doutora em psicologia Sâmia Hallage, que cuidou da equipe de vôlei feminino campeã da Olimpíada de Pequim-2008.

"Se essa atividade é priorizada, isso se torna a única fonte de prazer da pessoa e acaba prejudicando outras esferas da vida. São provas duras, que podem prejudicar a saúde física e emocional."


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página