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Depoimento

Só sabemos quem somos ao tentar ir além dos limites

MARCELO GLEISER COLUNISTA DA FOLHA

Neste ano, participei pela primeira vez de corridas Spartan. Tudo começou quando minha esposa anunciou, calmamente, que tinha nos inscrito na temida "Beast" ("Besta"), em Vermont (EUA), a mais difícil das corridas Spartan.

É uma meia maratona com mais de 25 obstáculos: cordas pra pular de uma pra outra feito Tarzan, lagos gelados, subidas íngremes carregando sacos de cimento nas costas, campos de lama e pedras com arame farpado, enfim, um desafio ao corpo e ao espírito.

Confesso que quando vi os detalhes comecei a rir. "Você enlouqueceu? Para isso temos que treinar e muito!" Tínhamos menos de 4 meses até a corrida.

Mudei minha vida. Até então, era corredor de meia maratona. Mas, para esse tipo de corrida, você precisa de muita força nos braços e nas costas e um abdome de ferro. Inscrevi a gente na menor das corridas Spartan, com 5 a 6 km. Perdi uns quilos e ganhei outros, de músculo. Estava feliz já por ver que dá para redefinir o corpo aos 54 anos. A corrida foi sensacional. Ficamos extasiados e prontos para mais.

Quando chegou a hora da "Beast", estávamos preparados. Eu que, por profissão, passo os dias sentado calculando e escrevendo, havia descoberto outro lado da minha personalidade, que estava adormecido desde os dias em que Bernardinho e eu fomos campeões brasileiros aos 15 anos pela seleção infanto-juvenil de vôlei do Rio nos anos 70. Nem só de ideias vive o homem.

A corrida foi feita para "destruir atletas de elite", segundo Joe Desena, o fundador. Demoramos 8h54, o tempo médio, mas terminamos com um sorriso nos lábios e as pernas duras.

Estou fazendo campanha para levar a Spartan ao Brasil. O ponto essencial é simples: só conhecemos quem somos se tentamos ir além dos nossos limites. A corrida é uma metáfora para a vida, onde podemos encarar nossos desafios ou fugir deles. Como diziam os soldados de Esparta, "Aroo!"


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