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Os mais procurados

Empresas têm de reduzir exigências para ocupar vagas

Recrutadores indicam quais postos são mais difíceis de preencher no Brasil hoje

REINALDO CHAVES COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A dificuldade de encontrar profissionais qualificados é uma das principais queixas do empresariado brasileiro. Por outro lado, há setores em que há excesso de profissionais e por isso faltam vagas.

Para saber quais profissões estão no topo da lista de mais procurados, a Folha ouviu dez das principais consultorias de contratação do país.

O resultado da enquete indica que o apagão de mão de obra é mais acentuado nas especialidades de engenharia, mas também inclui as áreas farmacêutica, de TI (tecnologia da informação), contabilidade e RH (veja a lista completa na página 4).

Uma pesquisa da consultoria Manpower divulgada em maio mostra que 68% dos empregadores brasileiros têm dificuldades para contratar.

Com isso, o Brasil é o segundo país com mais esforço para empregar no mundo, entre 42 analisados, atrás apenas do Japão.

Por esse motivo, ganha força no país a alternativa de flexibilizar as exigências das vagas e apostar em treinamentos para desenvolver o profissional recém-contratado.

A gerente de qualidade e serviços da consultoria Adecco, Fabiane Cardoso, afirma que nas posições mais carentes uma vaga pode levar no mínimo seis meses para ser preenchida.

Cardoso diz também que não faz parte da cultura do brasileiro procurar um emprego melhor quando já se está trabalhando. Na Adecco, 85% das contratações são feitas por "hunting", ou seja, a busca do profissional que não está procurando uma vaga.

"A carência é tão grande em certas áreas que até aspectos fundamentais estão em falta, como manuseio de máquinas e programas. Portanto, quem sabe pelo menos isso tem uma vantagem grande", afirma Paulo Resende, diretor de pós-graduação da Fundação Dom Cabral.

Se é difícil encontrar profissionais qualificados em setores tradicionais, a situação é mais grave naqueles que acabaram de surgir.

É o caso do "big data" (busca e processamento de grandes quantidades de dados), área da tecnologia que mistura também estatística e planejamento de negócios.

A multinacional do setor EMC, por exemplo, só conseguiu empregar dois especialistas máximos na função, os chamados cientistas de dados. Um profissional iniciante na área ganha cerca de R$ 330 mil por ano.

Luciano Tozato, 34, um dos contratados, aprendeu a função por conta própria, já que no Brasil não há uma graduação sobre o tema.

Ele nem sequer fez ciências da computação ou estatística. Tozato é formado em administração de empresas e contabilidade, mas sempre trabalhou no mercado financeiro e teve de aprender "na marra" a usar a tecnologia para acelerar cálculos.

"Comprava livros para aprender a usar os softwares e percebi que estava nascendo um novo mundo, a análise de dados, e resolvi entrar."

O OUTRO LADO

Sobre as profissões em baixa no país, Marcelo Cuellar, gerente da consultoria Michael Page, comenta que certos profissionais podem ter dificuldade para se colocar pelo excesso de formados no país e também pelas mudanças no mercado de trabalho.

"Muitos negócios ficaram onerosos, dependem de menos pessoas ou ficaram muito antigos. Por isso, o formado nessas áreas que não flexibiliza sua atuação corre sérios riscos de desemprego."

Para as empresas, há ao menos duas opções rápidas para resolver o problema da falta de mão de obra: tirar profissionais já empregados de outras companhias ou contratar especialistas estrangeiros. O problema é que isso sai caro.

Por isso, elas têm optado por reduzir as exigências para algumas vagas.

"Atendemos muitos casos de empresas que já optam por não contratar o candidato 100% ideal. Elas assumem a formação extra dos profissionais que têm bom potencial ou perfil próximo do procurado", afirma Márcia Almström, diretora da consultoria Manpower.

A montadora Nissan, que no fim de 2013 vai iniciar as operações de uma fábrica em Resende (RJ), está fazendo isso. Osiel Nobre de Jesus, 41, por exemplo, foi contratado neste ano para o cargo de "high skilled operator", ou seja, especialista em serviços manuais, no seu caso para trabalhar com pintura e polimento.

Ele conta ter apenas o ensino médio completo, mas conseguiu a vaga por já ter trabalhado em fornecedoras de montadoras. "Em minha carreira já fiz muitas coisas diferentes, tive até uma experiência como dono de uma pequena oficina."

A gerente de recrutamento e seleção da Nissan, Andrea Ianni, afirma que mantém conversas com cada gestor da fábrica para flexibilizar as exigências por causa da grande dificuldade de achar profissionais. "Aspectos como fluência em idiomas ou tempo de experiência são suavizados. Esses funcionários recebem treinamento antes de assumirem o posto."


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