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Geração condomínio

Ribeirão Preto já tem 160 condomínios horizontais e outros 580 prédios residenciais, o que criou grupos de adultos que nunca viveram fora desses conjuntos

DANIELA SANTOS DE RIBEIRÃO PRETO

Andar de carrinho de rolimã pelas ruas do bairro ou deixar os portões abertos são costumes quase em extinção em Ribeirão Preto. Mais: uma geração de pessoas hoje nem sabe o que é isso na prática, pois passou a vida inteira em condomínios fechados.

A administradora de empresas Gabriela Vieira e Silva, 25, e seu irmão, Gustavo, 24, são dois exemplos. Nasceram e cresceram em residenciais fechados, sem contato com a rua.

Os irmãos fazem parte do que se pode chamar de "geração condomínio" de Ribeirão, cidade que tem hoje 160 residenciais horizontais fechados e outros 580 condomínios de prédios.

Até dez anos atrás, Gabriela e o irmão viveram num condomínio vertical. Desde então, moram num residencial fechado de Bonfim Paulista, distrito de Ribeirão conhecido pela grande quantidade de conjuntos residenciais.

Sobre a vida tranquila de brincadeiras nas ruas de bairros abertos, Gabriela só ouve falar pelas histórias que a mãe, a professora Patrícia Vieira e Silva, 49, conta.

Da infância, aliás, a administradora lembra da falta de espaço para brincar com os amigos no condomínio vertical, no centro da cidade.

Anos depois, quando seus colegas adolescentes gostavam de ir a shoppings ou bares, Gabriela criou um hábito comum dessa geração: preferia se reunir com os amigos em luaus no campo de polo em outro condomínio.

RAZÕES DA CLAUSURA

Na maioria dos casos, a falta de segurança é o motivo que leva os pais a optarem pela vida em condomínio.

Os crimes contra o patrimônio só têm crescido nos últimos anos. Foram 1.639 roubos nos quatro primeiros meses deste ano --aumento de 10,2% em relação ao mesmo período de 2012.

A mãe de Gabriela explica o que a levou para os condomínios. "Não havia a preocupação em ser atropelada ou assaltada [em bairros, décadas atrás]. Hoje, isso não existe mais. A gente vive com medo", disse a professora, que mora há 31 anos em residenciais fechados.

Mesmo quem já teve a liberdade dos bairros abertos e vive há menos tempo em residenciais fechados aderiu à "geração condomínio".

A vendedora Mayara Fernanda Silva, 27, morou 17 anos no Jardim Santa Luzia e diz que adorava a liberdade porque tudo era "festa". Dez anos se passaram e, hoje, Mayara prefere a comodidade de outro residencial de Bonfim Paulista.

OUTRA VISÃO

Há, no entanto, um grupo de moradores de condomínios que sente falta da vida social fora dos muros. O universitário Rafael Antônio da Silva Neto, 21, mora em um deles, com salão de festas, piscina, quadra de esportes e playground, mas é crítico à forma como se vive nesses lugares.

Com a experiência de ter vivido cinco anos em uma casa nos Campos Elíseos, afirma que as pessoas precisam interagir com as demais classes sociais para conhecer a realidade. Segundo ele, os condomínios só dão a sensação de segurança. "Mas não impedem o ladrão de agir."

A publicitária Duana Castro, 25, sente falta dessa interação. Vive há 15 anos em um loteamento fechado. "Quando me mudei, não tinha nem com quem brincar."


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