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Eleição de Costábile é 'a' ruptura na política local

Segundo escritor, gestão de 1956 a 59 mudou o ambiente cultural da cidade

Outras rupturas significativas, de acordo com ele, foram as eleições de Gasparini, em 1963, e de Palocci, em 1992

DE RIBEIRÃO PRETO

A grande ruptura política da história de Ribeirão Preto foi a eleição de Costábile Romano para a prefeitura em 1955, afirma o jornalista Júlio José Chiavenato nesta segunda parte da entrevista.

Para ele, que conviveu com Costábile (1905-1966) em "O Diário" --jornal fundado pelo ex-prefeito em 1956--, o político se beneficiou pelos anos de otimismo do Brasil de JK.

Folha - Ribeirão se forma politicamente só depois da redemocratização, em 1946?
Chiavenato - Aí que começa a mudar. Na Câmara, já na década de 50, a Vila Tibério começa a ter três ou quatro vereadores, [todos] operários da cerveja. O primeiro prefeito fora desse eixo [ligado à elite local] foi o Alfredo Condeixa Filho [1914-1990].
Porém, a primeira ruptura política em Ribeirão, [foi] em 1955, com a eleição do Costábile Romano, que também era do sistema, mas era um italianinho, padeiro, imigrante. Ainda havia aquele ranço de não aceitar uma pessoa sem tradição familiar, sem fortuna nem prestígio social.
O Costábile [foi] eleito [numa época] de otimismo, quando o país entra nos anos JK [Juscelino Kubitschek (1902-1976)].
O Costábile se elege, diz Vou fazer uma puta festa' e importa' o Bassano Vaccarini [1914-2002, cenógrafo do Teatro Brasileiro de Comédia de São Paulo], e o Jaime Zeiger [que construiu o teatro de Arena]. Vêm esses dois caras e fazem uma festa [num depósito de café hoje abandonado].
O Vaccarini faz umas coisas loucas, uns homens tortos, uma decoração [diferente], foi um espanto. Aqui, a gente não tinha nem ouvido falar na Semana de 1922...

Foi a maior ruptura política da história da cidade?
A mais importante. A queda do café teve importância econômica e social. Mas a eleição do Costábile teve influência política e cultural.

Essa efervescência, imagino, deve ter formado alguma elite.
Surgiu uma Câmara muito combativa. Mas não se consolidaram novas lideranças. Até que, a partir de 1959, começa a haver no Brasil os movimentos populares, no campo e na cidade, [como] as ligas camponesas que se formam no Nordeste do país.
Em Ribeirão, surge o padre Celso Ibson de Syllos, que era diretor do "Diário de Notícias". Aqui, ele começa a organizar espécies de sindicatos rurais na região.
[Ele atrai] Jovens católicos, entre eles, um repórter de rádio que é o Welson Gasparini. O padre dá prestígio para ele. Tinha enchente, ele [Gasparini] vai, [o jornal] tira fotografia dele com microfone, com água até o peito. E aí ele entra para a política e se elege.
[A eleição dele para prefeito em 1963] É uma grande ruptura em Ribeirão. Mas aí veio o golpe de 64 e a primeira medida do Gasparini é passar para o lado dos militares.

O golpe atrapalhou a política ribeirão-pretana?
O golpe desmontou a política. [Tanto que] Outra grande esperança veio [somente] com a eleição do [ex-ministro Antonio] Palocci [Filho, em 1992], que teve um movimento mais ou menos de massa, naquilo que se esperava que o PT fosse. E é interessante quando tem esse fluxo, o próprio político é obrigado a fazer alguma coisa de bom. Porque ele, mesmo contra a vontade, não pode refrear o desejo daquela massa.
Quando o Palocci foi eleito, a militância do PT era muito forte. Foi uma ruptura, não tão grande quanto seria a [eleição] do Gasparini, que foi uma vitória contra as forças estabelecidas. A do Costábile foi muito mais evidente. A do Palocci era esperada, porque o inimigo estava decadente.

O Costábile deixou herdeiros [o ex-deputado Marcelino Romano Machado e o vereador Maurilio Romano (ambos do PP)]. O que diz deles?
Nem chegaram perto. Não dá para comparar.

Há quem diga que a eleição de Dárcy Vera (PSD) foi uma ruptura em 2008. Mulher, veio do povo, eleita no primeiro turno contra políticos tradicionais, um deles no poder...
Eu acho que a eleição dela foi o coroamento do populismo. Foi eleita pelo carisma.

Por que você a chama de alcaidessa em sua coluna?
[Porque] Ela [é] tão diferente... Não por ser mulher, ela tem uma personalidade diferente. É expansiva. Logo que acabou de ser eleita, dançou na praça 15, o dançarino a jogou para o ar. Isso não é comportamento de prefeita.


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