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Festival sugere a jovens que fiquem um dia sem pecar

EVENTO DA COMUNIDADE CANÇÃO NOVA EM CACHOEIRA PAULISTA TEM ABADÁS E FILA PARA CONFISSÃO

DO ENVIADO A CACHOEIRA PAULISTA

À primeira vista, a comunidade Canção Nova parece um festival de música: alguns milhares de jovens perambulando entre barracas, filas nos banheiros, lojinhas e o "rincão", um ginásio para 70 mil espectadores.

Mas a divisão do camping entre rapazes, moças e famílias e a fila diante do complexo de 20 confessionários justificam o nome do evento, que completou 15 anos: Por Hoje Não Vou Mais Pecar, ou PHN.

Todo mês de julho, são dezenas de milhares de participantes, no maior evento católico para jovens do país. O encontro é marcado pelos shows de música católica, pregações de cunho moral e pelas longas missas de inspiração carismática, semelhantes a cultos evangélicos.

As roupas são muitas vezes curtas e justas, e as referências religiosas, alegres: havia abadás com a inscrição "Folia com Cristo" e a camisa de um grupo de oração chamado "Jovens Sarados - Academia para a sua Alma".

"Os jovens católicos são os que têm coragem de ficar em pregação e de não andar por aí", diz Raquel Santos, 26 anos, que trabalha no setor de recursos humanos de uma metalúrgica em Itu (SP) e frequenta o PHN há cinco anos.

Fundada em 1978 pelo padre Jonas Abib, a Canção Nova está às margens da via Dutra, a 30 km de Aparecida. Tem área de 455 mil metros quadrados --57 mil construídos-- e abriga cerca de 460 missionários consagrados. Além da TV Canção Nova, o canal católico mais influente do país, funciona ali uma faculdade com quatro cursos, como jornalismo e rádio e TV.

"Um dos grandes bens que a CN fez ao Brasil foi manter a Igreja Católica de pé", afirma o padre boliviano Santiago Artero, 47, diretor espiritual do seminário Mater Ecclesiae, administrado pelos Legionários de Cristo, congregação de perfil conservador.

A Canção Nova é a mais bem-sucedida das novas comunidades católicas. Fruto da chamada "onda pentecostal", essas iniciativas são influenciadas pela ascendência do pentecostalismo evangélico e, ao mesmo tempo, se tornaram a principal resposta do catolicismo brasileiro à perda de fiéis para essas novas denominações.

"Nossa Igreja Católica decorou as respostas, e o mundo trocou as perguntas. Ela teve de se readaptar, e a maneira foi essa. Claro que nossos queridos irmãos evangélicos cantam há mais tempo, descobriram essa fórmula antes de nós", afirma o cantor e missionário Francisco José dos Santos, o Dunga, idealizador do PHN e com mais de 1 milhão de CDs vendidos.

São cerca de 25 dessas comunidades no país, segundo a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Algumas já abriram missões em outros países, inclusive na Europa.

Para o arcebispo do Rio, dom Orani Tempesta, esses grupos vêm conseguindo um número maior de vocações em comparação às dioceses e às ordens e congregações religiosas, masculinas e femininas.

Ele ressalta que, embora influenciados pelo movimento Renovação Carismática, surgido nos EUA no final da década de 1960, seguem caminhos próprios, gerando uma igreja mais multifacetada.

"Muitos grupos começaram com a renovação, mas estão ligados hoje ao franciscanismo, à vida monástica."

Para o teólogo franciscano Sinivaldo Tavares, 51, essas comunidades são "fechadas em si mesmas" e personalistas em torno dos fundadores e dos padres cantores.

"Todos esses movimentos têm um assistencialismo muito grande, mas não estão preocupados em denunciar uma política que gera pobres", afirma o teólogo. "Agora estão de pés e mãos quebrados. A autoridade máxima não os apoia, ao menos não como João Paulo 2º e Bento 16."


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