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Opinião

Políticas excluíram apoio ao transporte público

EDUARDO A. VASCONCELLOS ESPECIAL PARA A FOLHA

As políticas de apoio ao automóvel criaram, desde a década de 1950, cidades espalhadas de baixa eficiência, com elevados gastos no sistema viário, grande consumo de energia e alta emissão de poluentes.

Mesmo as forças históricas de esquerda, com intensa agenda de defesa do transporte público no período entre 1960 e 2000, mantiveram o apoio irrestrito ao automóvel, relegando o transporte público a uma posição secundária na agenda federal.

Na prática, o governo tornou-se sócio e refém da indústria automobilística.

A isso foi somada, a partir de 1990, a política de apoio à motocicleta, com resultados calamitosos de segurança no trânsito --180 mil mortos e 820 mil pessoas com invalidez permanente.

No lado do transporte público, a inexistência de uma política clara e permanente levou a baixos níveis de serviço, tempo de percurso elevado e desconforto, além de tarifas que sobem acima da inflação, prejudicando os grupos de baixa renda.

Construímos uma mobilidade iníqua, excludente e ineficiente.

Chegamos a tal ponto de insustentabilidade que, nas cidades médias e grandes do país, usar a motocicleta custa um terço da tarifa do transporte coletivo e leva um terço do tempo de percurso.

Usar o automóvel, por sua vez, tem um custo igual ao da tarifa e leva a metade do tempo de percurso. Ou seja, é melhor abandonar o transporte público logo que possível.

O problema mais grave é que não há hoje no país nenhuma força política relevante que queira mudar o modelo de mobilidade.

O que pode ser feito?

A experiência internacional mostra ser necessário atuar em duas frentes: de um lado, melhorar muito a qualidade e a confiabilidade para andar, usar a bicicleta ou o transporte público e, de outro lado, restringir o uso excessivo ou inadequado do automóvel.

Perseguir apenas uma das frentes não resolve. Adicionalmente, o espaço urbano deve ser reorganizado, para aproximar as pessoas do emprego, da educação e do lazer e reduzir a necessidade de transporte motorizado.

O principal instrumento deve ser a nova lei da mobilidade, promulgada em 2012. Ela deu apoio legal a medidas de mudança no sistema de mobilidade, que incluem a reorganização do transporte público e a restrição ao uso inadequado do automóvel.

Ela precisa ser aplicada com determinação, por meio de um esforço nacional.

Requer também uma profunda revisão na alocação de recursos, reduzindo os subsídios dados ao automóvel, investindo em segurança no trânsito e apoiando sistemas integrados e de qualidade para pedestres, ciclistas e usuários de transporte público.


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