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Agente Inovador

Profissional empreendedor ajuda empresa a produzir mais com menos, mas pode gerar conflitos se não vender ideias do modo correto ou estiver na companhia errada

DE SÃO PAULO

A leitura atual do mercado indica que o profissional de perfil empreendedor se destaca quando entende o momento certo para inovar, é aberto a desafios e apresenta soluções a problemas pontuais. Esse perfil -chamado pelos especialistas de "coringa"- é sempre alvo de disputa pelas empresas.

Em momentos de expansão da economia, esse profissional é acionado para aumentar a linha de produção, por exemplo. Quando o cenário é mais cauteloso, esse perfil cria meios de produzir mais gastando menos.

O analista Cleiton Spaniol, 24, diz ter "veia" empreendedora. Há um ano, ele implementou um orçamento participativo para gerenciar os gastos da empresa em que trabalha, a Chemteck, ligada aos setores de tecnologia e engenharia, do Rio de Janeiro.

Em vez de pontuais, as despesas são traçadas em rede. "Os funcionários de cada setor são alocados para propor uma redução nas despesas. O controle se torna contínuo e o gasto mais eficiente", afirma.

"Um funcionário foi destacado, por exemplo, para estudar os gastos de telefonia nos departamentos. O telefone fixo de todos foi colocado em um plano que já estava na companhia, que passou a gastar menos", exemplifica.

A ideia é ter uma visão global dos custos para torná-los mais sustentáveis.

O gerenciamento matricial de despesas -método que Spaniol aprendeu na faculdade e pôs em prática na empresa- deu tão certo que ele foi alocado para o departamento de gestão de custos para aprimorar o projeto. Ele também recebeu um prêmio em dinheiro pela iniciativa.

Cristiano Eduardo de Melo, 40, é outro que se valeu do detalhe para empreender. Supervisor de rótulos da Rexam (multinacional do ramo de embalagens) com sede em Recife, ele criou no Brasil uma tecnologia que desenha logotipos das marcas de bebidas no anel das latas.

O dispositivo criado por Melo, que antes tinha apenas a função de abrir o recipiente, passou a servir também como um espaço de publicidade.

"O anel levou 16 meses para ficar pronto. Esse foi o gancho para que eu fosse reconhecido por esse trabalho, já que poderíamos ter importado a tecnologia, mas a um custo muito mais elevado", explica. Agora, o lacre desenvolvido por ele será exportado para a Europa.

Para os especialistas em recursos humanos, Spaniol e Melo se enquadram no filão de profissionais que "inventam um projeto novo em menos tempo".

Empreender, para eles, é uma capacidade nata. Porém, é papel das companhias propiciar meios para fomentar a inovação com treinamentos e programas específicos.

A ideia de Spaniol só virou realidade porque a Chemteck criou uma plataforma colaborativa. Nela, o colaborador cadastra uma sugestão que, após análise, pode ser colocada em prática. "Olhando para o programa conseguimos engajar os colaboradores. Em dois anos foram cem ideias aprovadas", diz a coordenadora de gestão de qualidade da companhia, Amanda Carmo Pena Martinez.

RISCOS

O sucesso desse profissional de perfil inovador está diretamente relacionado ao perfil da empresa. Em locais onde a cultura empreendedora norteia o negócio, o ambiente é criativo e a gestão individualizada. Todos são instigados a participar.

Mas em companhias mais conservadoras, a inovação não é vista com bons olhos.

De acordo com Andrea Huggard, diretora de métrica e certificações da ABRH (Associação Brasileira de Recursos Humanos), esses profissionais pode gerar conflitos nesse tipo de companhia.

"Você pega uma pessoa muito empreendedora e ela pode querer criar coisas novas que nem sempre dão certo. As empresas podem ter receio de optar por esse perfil", afirma.

Empreendimentos controlados pelo governo, como os da energia, infraestrutura e da construção civil tendem a ser menos inovadores. No momento, os setores com mais espaço para o empreendedorismo são os da tecnologia e bens de serviço.

Villela da Matta, presidente da Associação Brasileira de Coaching, avalia que esse tipo de profissional precisa ser persistente.

Segundo ele, ante à falta de recurso ou de espaço para inovar, o profissional não deve desistir ao primeiro não.

"O profissional da geração Y [nascido entre nascidos entre 1980 e 2000] é o que mais peca pela falta de maturidade ao não entender que os recursos não estão disponíveis a qualquer hora. Quem desiste fácil perde a oportunidade de crescer. Brigar pela própria ideia é fazer empreendedorismo."

A receita para inovar, na visão de Spaniol, é não se limitar. "Não se acomode, questione as atividades que estão sendo realizadas na empresa, busque informações externas de mercado. Não há uma restrição em termos de formação ou perfil para uma pessoa ser empreendedora", afirma.


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