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Finalista - Alessandra Orofino e Miguel Lago

#mobilizadores em rede

Alessandra, 24, economista, e Miguel, 26, administrador público, solteiros, criaram uma plataforma que incentiva o cidadão carioca a pressionar as autoridades, além de aprofundar o conhecimento sobre as políticas públicas da cidade; a diretora-executiva e o diretor-presidente do Meu Rio, fundado em 2011, gerenciam uma equipe de 15 pessoas e um orçamento de R$ 950 mil (2013)

ELES CRIARAM UMA PLATAFORMA ON-LINE PARA INSTIGAR O CIDADÃO A FALAR O QUE PENSA E PRESSIONAR AUTORIDADES

PAULA LAGO ENVIADA ESPECIAL AO RIO

Tudo começou na rua, em 2009. Ouvindo música durante caminhadas em Buenos Aires, ele teve as primeiras ideias para o Meu Rio.

Pensou na colega do ensino médio, que estava no Brasil. Ligou e, em uma hora de conversa pelo Skype, a amiga topou a proposta, ainda que tenha achado a apresentação confusa.

"No outro dia, ela já estava com quase tudo esquematizado", lembra Miguel Lago, 25, administrador público. Ela é Alessandra Orofino, 24, economista.

A divisão de tarefas segue essas características de ambos. Miguel é o diretor-presidente e tem como atribuição lidar com as relações externas do Meu Rio com outras instituições. Alessandra, a diretora-executiva, lidera a equipe e as relações internas.

"Existe muita sintonia entre eles", conta Rita Lamy, 32, ex-parceira. De fato. Ao serem questionados, em separado, sobre uma situação curiosa que tenham vivido em comum, lembraram-se da mesma: quando, no Lycée Molière, escola francesa no Rio, lideraram uma greve de alunos contra o corte de aulas optativas, imposto por redução dos repasses.

Eles dizem que todos os alunos do ensino médio aderiram à ocupação do pátio. O diretor recuou da decisão, e as aulas foram mantidas.

Adultos, suas ações são mais complexas, e o alcance, mais amplo: evitaram a demolição de uma escola, suspenderam uma sessão na Assembleia Legislativa do Rio em que seria votado um projeto de alteração na legislação ambiental e revogaram decreto que proibia bailes funks, por exemplo.

Entre as plataformas oferecidas no site está a Panela de Pressão, onde o carioca pode criar uma campanha e, com um clique, enviar mensagem para a autoridade que possa resolver o problema ou ligar diretamente para ela.

Esse sistema dá resultados. A professora Aline Mora, 34, da Escola Municipal Friedenreich, participou da campanha contra a derrubada do prédio e percebe a diferença. "Nunca tinha ido a nenhuma manifestação. Entrei nessa briga pela escola e passei a sentir que podemos lutar pelo que queremos", afirma.

Alessandra pensa bem antes de falar e organiza os post-its da reunião com a equipe. Diz que não tem medo de falhar nem de ouvir "não". Uma vez, em um voo do Rio para Nova York, apresentou-se a Camila Pitanga e a convenceu a protagonizar um vídeo para o Meu Rio. A atriz participa de ações até hoje.

Miguel é botafoguense e não gosta de fazer coisas por obrigação. Foi assediado por partidos para se candidatar e declinou. Diz que as propostas eram boas, mas que "perdemos a efetividade quando estamos dentro da política".

Com passagens por instituições de ensino de renome internacional, ela, na Columbia (EUA), ele, no Institut d'Études Politiques de Paris, afirmam ter recusado ofertas com ótimos salários.

"Nunca quis trabalhar em empresa privada. Queria testar outras coisas. Também não queria entrar diretamente na vida acadêmica. Meu Rio foi meu ato mais prático, e eu nunca fui um cara prático", avalia Miguel.

"Sempre disse que não trabalharia em algo que não fizesse sentido para mim. Queria que meu talento fosse direcionado para coisas das quais eu pudesse me orgulhar", revela Alessandra.

TEMPO CURTO

Manter o Meu Rio em ação toma tempo --trabalham 16 horas por dia. Entre pessoas próximas, essa é a queixa. Lembrada por Hugo Sassaki, 27, namorado de Alessandra, que afirma que só não ganhou "upgrade" para marido por falta de tempo dela.

Constance Albanel, namorada de Miguel, estava em viagem e não pôde comentar, mas Antonio Engelke, 36, sociólogo, amigo dos empreendedores, faz eco: diz sentir falta dos chopes.

A dupla tenta dar conta de tudo. Alessandra pratica ioga e desliga o telefone após as 23h. Miguel põe o celular para despertar a cada quatro horas, para se lembrar de comer fruta ou chocolate, e gosta de dar um mergulho. Mas consente: "Nunca o tempo passou tão rápido para mim".


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