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'Efeito TelexFree' afeta novos negócios

Iniciantes no setor de vendas diretas tentam superar desconfiança após escândalo de pirâmide financeira

Ex-pugilista Popó tem dois projetos na Câmara para regulamentar modelo de formação de redes de revendedores

DE SÃO PAULO

Novas empresas que atuam no setor de vendas diretas com o chamado marketing multinível, em que o vendedor é compensado pelo número de revendedores que atrai para a empresa, buscam superar a desconfiança no modelo para crescer.

O abalo na reputação foi causado por empresas que diziam usar o modelo, mas funcionavam como pirâmides financeiras, que são ilegais.

No multinível, as empresas formam redes de revendedores que atuam distribuindo os produtos porta a porta para sua rede de contatos. Os participantes têm entre suas missões trazer novos revendedores. Como benefício, dividem com essas pessoas parte das comissões das vendas realizadas por elas.

Já as pirâmides configuram crime contra a economia popular, de acordo com o advogado Gauthama de Paula, do escritório Siqueira Castro. Nelas, não há a venda de um produto real que permita sustentar legitimamente os ganhos dos participantes.

Elas usam um produto como disfarce para recrutar pessoas para a rede, que pagam para participar do negócio.

O exemplo mais conhecido de suposta pirâmide é o da TelexFree. A empresa que recrutou milhões de pessoas pela internet para divulgar um serviço de voz, teve sua atuação suspensa pela Justiça do Acre em junho. Ela e mais 120 empresas são investigadas pelo MPCON (Associação Nacional do Ministério Público do Consumidor).

Para tentar mudar a imagem do setor, a Dumba, que vende desde o segundo semestre um cartão que dá direito a desconto em empresas parceiras, usa um programa de televisão, o "Dumba Show", que é exibido aos domingos à noite na Band.

Nele, Raúl Gil Filho, filho do apresentador do SBT, entrevista especialistas que explicam o funcionamento do modelo. Já esteve no programa o deputado federal e ex-pugilista Acelino Popó Freitas (PRB-BA). Ele é presidente da Frente Parlamentar do Marketing Multinível na Câmara e possui dois projetos de lei para incluir o setor na legislação.

Por e-mail, Popó diz que se aproximou da causa devido ao grande número de pessoas que entraram em redes e estão com bens bloqueados.

SETOR SUJO

A falta de uma legislação sobre o tema e os casos de empresas bloqueadas "sujam o setor", o que dificulta o estabelecimento de novas empresas, diz Thiago Hurtado, 27, sócio da rede de moda Cidiz, criada em 2012.

Nos últimos seis meses, a empresa foi investigada pelo Procon e pelo Ministério Público. No primeiro caso, concluiu-se que não havia indícios de formação de pirâmide. A empresa aguarda parecer do Ministério Público.

Luiz Fernando Bueno, 30, é gerente de projetos de um banco e, há um ano e meio, dedica seu tempo fora do trabalho ao multinível. Atuou primeiro na norte-americana Monavie, do setor de alimentação, e faz parte da Dumba.

Ele diz que, em alguns meses, o rendimento com a atividade ficou próxima ao seu salário. "Meu objetivo é ter uma vida mais tranquila, com tempo para ficar com a família. O multinível pode me dar isso no médio prazo."

Mas é preciso alguma cautela. O professor de marketing da ESPM Marcelo Pontes compara os eventos produzidos por empresas do setor para atrair novos membros a cultos religiosos. Segundo ele, muitas empresas fazem promessas de dinheiro fácil e usam depoimentos de pessoas que enriqueceram e pouco falam do produto.


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