Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Especial

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Café originou a riqueza até chegada da cana

Estudo indica que 256 de 265 estabelecimentos agrícolas do início do século 20 tinham ligação com a cafeicultura

Atividade econômica trouxe à cidade elevado número de imigrantes, o que significou mão de obra e consumidores

GABRIELA YAMADA DE RIBEIRÃO PRETO

Hoje estruturada no comércio e forte no setor de serviços, Ribeirão Preto, que já foi chamada de "capital do café", teve de vencer um desafio para iniciar o seu desenvolvimento agrícola: encontrar uma solução para o problema de transporte.

Foi após a construção dos trilhos da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, organizada e financiada por produtores rurais, que Ribeirão Preto deslanchou a sua produção cafeeira.

A combinação entre terras com solo fértil, proximidade com centros de exportação e a divulgação do município por meio de artigos permitiu a expansão do café, que teve crescimento significativo a partir do século 19.

A nova atividade econômica trouxe para Ribeirão um elevado número de imigrantes --o que, em tese, significou braços para trabalhar e, também, consumidores.

No início do século 20, o número de cafeicultores era de 256, do total de 265 estabelecimentos agrícolas, segundo estudo do docente Renato Leite Marcondes, da FEA-RP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto), da USP.

"Por outro lado, a cana-de-açúcar abarcava somente oito produtores", afirmou Marcondes no estudo.

Paralelamente à atividade agrícola, até 1962 a cidade viu crescer empreendimentos ligados à área urbana, como serviços e comércio.

NÃO SÓ CAFÉ

Segundo Lilian Rodrigues de Oliveira Rosa, coordenadora do curso de história do Centro Universitário Barão de Mauá, as mudanças podem ser notadas na alta do total de estabelecimentos: de 228, em 1890, para 914, em 1900.

A maior parte deles atuava nas áreas de secos e molhados, além de armarinhos.

Por isso, para ela, o café não foi o único responsável pelo crescimento econômico. "Mas foi um elemento dinamizador, que favoreceu o solo fértil para o desenvolvimento de outras atividades."

Em 1913, Ribeirão estava no topo da lista dos maiores produtores de café no Estado. De 1911 a 1930, as principais fontes de renda foram os impostos das atividades urbanas.

Depois de uma forte geada, em 1918, houve redução do número de plantadores de café. Em 1920, eram só 141, de acordo com Marcondes, baseado em dados do Censo.

Vinte anos mais tarde, novo Censo apontou que a produção de cana atingiu 120 mil toneladas, em 53 locais.

De "capital do café", a cidade incorporou o apelido de "capital brasileira do agronegócio", impulsionada pela cana --embora as lavouras estejam em sua maioria na região, não em Ribeirão.

"O mais expressivo deste processo talvez seja esse desejo de capitanear, de ser a primeira em algo", disse Lilian.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página