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Mitos que o tempo desfez

Muito antes de ser polo comercial, café transformou a cidade em clássico da música

MARCELO TOLEDO EDITOR DA "FOLHA RIBEIRÃO" CAMILA TURTELLI DE RIBEIRÃO PRETO

Fosse pensada hoje, a clássica música "Rei do Gado", da histórica dupla Tião Carreiro & Pardinho, talvez nem tivesse saído do papel ou fosse considerada inapropriada.

Inspirada na história da disputa de dois "reis" em um bar da cidade, a composição (uma das principais da dupla), de 1961, coloca frente a frente o rei do café, de Ribeirão, e o do gado, de Andradina, e narra parte da história econômica das duas cidades.

A questão é que a história real praticamente dizimou o café local e, em Andradina, o peso do rebanho bovino na economia já não é o mesmo.

A canção conta a chegada de um peão a um bar de grã-finos, onde é hostilizado por um "almofadinha" que diz que o bar deveria barrar pessoas como ele, especialmente num dia em que o rei do café está presente. O peão é "só" o rei do gado de Andradina (veja letra nesta página).

Segundo o trabalho acadêmico "Café e alimentos em Ribeirão Preto no primeiro quartel do século 20: Os contratos de trabalho agrícola", de Renato Leite Marcondes e Alcione Albuquerque Más, a produção cafeeira da cidade era de 491.202 sacas de 60 quilos entre 1904 e 1905.

Em 2012, atingiu 137.887 sacas (-71,93%), conforme o IEA (Instituto de Economia Agrícola). A área de cafezais, que em 1920 era de 36.028 hectares, foi reduzida a 5.021,4.

Os dados refletem a histórica movimentação de troca de culturas ao longo das décadas. A cidade abandonou o café, dando lugar à cana, dominante não só na região, mas em todo o Estado.

O avanço da cana ocorreu principalmente a partir da década de 1970, de acordo com o economista Roberto Fava Scare, da FEA-RP, da USP Ribeirão.

O mesmo ocorreu na terra do rei do gado. Embora tenha se transformado em município em 1938, Andradina, de 55 mil habitantes, "surgiu" seis anos antes, idealizada por Antônio Joaquim de Moura Andrade, então maior criador de gado do país e conhecido como o "rei do gado".

Em suas terras, 6.000 famílias passaram a morar em lotes. Hoje, a zona rural não chega a 4.000 moradores.

Segundo o Sindicato Rural, a cana também é a principal atividade hoje, com 38% da área. "A pecuária ficou bastante reduzida", disse o presidente do sindicato, José Augusto Rosa. "Mas nunca vamos deixar de ser, como ficamos conhecidos pela música, a terra do rei do gado."


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