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Sistema não acompanha aumento da frota

Na década passada, lentidão existia só no centro, situação que hoje está pulverizada em bairros de Ribeirão Preto

Para especialistas em trânsito, falta planejamento no setor e o cumprimento do Plano Diretor da cidade

ISABELA PALHARES DE RIBEIRÃO PRETO

Enquanto a população de Ribeirão cresceu 29% em 12 anos, a frota de veículos apresentou aumento de 103%, em um ritmo muito superior ao apresentado pelo avanço da infraestrutura urbana.

A saturação nas vias de Ribeirão Preto fica ainda mais evidente se for incluída na frota local a estimativa da Transerp (gerenciadora do trânsito na cidade) de aumento de 5% a 20% na frota de veículos de cidades vizinhas e de outros Estados. O índice depende da época do ano e do horário diário.

De acordo com o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), em 2003 --quando o órgão passou a contabilizar a frota por município--, Ribeirão tinha 235.338 veículos. Em abril deste ano, alcançou 477.646 unidades.

Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em 2003, a cidade tinha 505 mil habitantes. A estimativa para este ano é de 649 mil pessoas.

Com esse contingente extra da região e de Estados como Minas Gerais, atraído pelo polo comercial e de serviços, o número de veículos na cidade pode chegar a 525 mil.

Só com carros licenciados em Ribeirão, a cidade tem a 17ª maior frota de veículos do país. Contabilizando somente motocicletas, ocupa a 13ª colocação nacional.

Proporcionalmente, a cidade tem frota superior à de São Paulo, por exemplo. Enquanto na capital há um veículo para cada 1,6 habitante, em Ribeirão a média é de um veículo para cada 1,3.

Segundo a Transerp, em 2003 a cidade registrava lentidão apenas na região central em alguns horários, como o início da manhã e o final da tarde. Além disso, avenidas como Francisco Junqueira, Nove de Julho, Independência e Maurilio Biagi eram grandes corredores para o fluxo de carros.

Hoje, a situação é diferente. Essas avenidas não suportam mais a quantidade de veículos e diariamente registram lentidão. Além disso, o congestionamento não se limita mais apenas ao centro, mas também nos bairros.

Nas principais vias de bairros como Campos Elíseos, Ribeirânia e Vila Tibério são registrados diariamente pontos de tráfego lento.

A prefeitura aposta nas obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), do governo federal, e no incentivo ao transporte coletivo para melhorar o fluxo de veículos na cidade.

No entanto para especialistas em trânsito apenas essas obras não serão suficientes para desafogar Ribeirão.

Segundo eles, não há cobrança de contrapartida e estudos de impacto para novos empreendimentos na cidade.

"Em uma grande cidade é preciso pensar que qualquer alteração traz reflexos. Por menor que seja a obra, o prédio, uma loja, futuramente ela trará reflexos", afirmou André Lucirton Costa, urbanista e especialista em transportes públicos.

LIBERDADE

Ele afirmou que muitos empreendimentos imobiliários são liberados sem a exigência de obras de infraestrutura viária. "Em dois anos, liberam cinco prédios no mesmo bairro e não há rua que comporte 200 carros a mais de uma só vez", disse.

Entre os exemplos citados pelos especialistas como falta de planejamento estão os bairros Lagoinha e Quintino Facci 2, que receberam diversos imóveis sem nenhuma obra para acesso viário.

"Não adianta fazer ponte, viaduto, túnel. O que ordena o trânsito é planejamento."

O advogado especialista no setor Adhemar Padrão Neto disse que a causa para o sistema viário estar esgotado é, em maior parte, a falta de gestão e planejamento, não o crescimento da frota.

Os dois ressaltam a importância de o município elaborar um Plano Diretor adequado às necessidades --em fevereiro, uma revisão do plano foi rejeitada pela Câmara.

"O Plano Diretor da cidade está na bacia das almas, não é respeitado. E ele é de extrema importância para se ordenar o crescimento da cidade, o que impacta diretamente no trânsito", afirmou Costa.


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