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Bahia/Pernambuco

Produção de uva e manga cresce com irrigação e pesquisa no vale

Desde 2004, as colheitas dos dois tipos de fruta na região saltaram 42% e 69%, respectivamente

RENATA MOURA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM NATAL

Em meio à escassez de chuva e ao calor do Nordeste, a produção de duas frutas de ambientes mais amenos não para de crescer: manga e uva.

As culturas impulsionam a região do Vale do São Francisco, na Bahia e em Pernambuco. Desde 2004, a colheita de uvas na região saltou 42%, de 184.800 toneladas para 262.834. A de mangas foi de 345.400 toneladas para 584.325, alta de 69%.

Apesar de corresponder a menos de 20% da produção nacional --liderada pelo Rio Grande do Sul--, o vale é o maior exportador brasileiro de uvas. Da região saem 99% do que o Brasil negocia com outros países. Em 2013, a soma foi de US$ 102,7 milhões.

No caso da manga, a fatia no bolo nacional, que foi de 96% em 2012, fechou o ano passado em 80%, com receita de US$ 118,8 milhões.

Irrigação e pesquisas são combustíveis para a fruticultura da região, onde há a possibilidade de até duas safras por ano na mesma planta.

No caso da uva, a atividade dá passos mais largos desde o ano 2000, quando começou o desenvolvimento de uvas sem semente, uma experiência única no país, afirma o gestor do Projeto de Fruticultura Irrigada do Sebrae Pernambuco, Domingos Sávio Guimarães.

O Sebrae aplicou US$ 1 milhão no projeto, com a participação da Valexport e da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). A região também obteve certificações que ajudaram a abrir portas no exterior.

A crise internacional e o câmbio desfavorável reduziram, no entanto, o ritmo dos negócios. A fatia da produção exportada, que já foi de 90%, caiu para até 30%.

Com o cenário ruim para uvas de mesa, o vale passou a apostar no cultivo de uvas para produção de sucos e vinhos, mas ainda engatinha.

"Com a uva de mesa nos consolidamos em 15 anos. O vinho deve demorar mais", diz o presidente da Associação dos Produtores Exportadores do Vale (Valexport), José Gualberto Almeida.

Uma fatia da produção da bebida já chega --de forma discreta-- a países como Portugal, Canadá e EUA.

Para Guimarães, do Sebrae, apesar de ser boa e de estar no lugar certo climaticamente, a produção do Vale está no lugar errado em termos de localização geográfica. "É longe de tudo", diz.

A produção no Brasil, que, segundo ele, é cara por depender de tecnologias e insumos importados, fica até 30% mais onerosa na região em razão do frete.

A concorrência é outro problema. "No Brasil, o mercado é estrangulado pelos vinhos do Mercosul, que chegam mais baratos e com menos impostos", observa João Santos, diretor comercial da Vinibrasil, empresa que tem nove vinícolas em Portugal e que, no vale, produz 1 milhão de litros/ano de vinho. Cerca de 10% são exportados.

A tributação também afeta a uva de mesa. "O maior problema para os exportadores é a taxa que pagamos para entrar na Europa enquanto concorrentes não pagam nada", afirma Newton Shun Iti Matsumoto, da Cooperativa Agrícola Nova Aliança.

No caso da produção de sucos, a grande dificuldade é o custo da garrafa de vidro. Como a indústria é incipiente na região, não há fornecedores de matéria-prima por perto.

A perspectiva para os derivados é, no entanto, positiva, diz o pesquisador da Embrapa Uva e Vinho/Semiárido, Giuliano Pereira. Segundo ele, a região vai estrear neste ano com suco concentrado.

O vale aposta também na produção de outras frutas, como maçãs, caquis e peras.


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