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Mudança no Mercosul prejudica a indústria, diz embaixador
DE SÃO PAULODefendida pelo setor privado, a transformação do Mercosul de união aduaneira para área de livre-comércio traria consequências "catastróficas" à indústria brasileira.
A avaliação é do embaixador e vice-presidente emérito do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), José Botafogo Gonçalves.
Em uma união aduaneira, os sócios não têm comércio tarifado entre si e aplicam tarifas comuns aos não membros. Por isso, a Argentina não pode importar de países de fora do Mercosul com tarifa zero, o que torna as manufaturas brasileiras mais competitivas no vizinho.
"O efeito da eliminação da união aduaneira sobre as exportações industriais de São Paulo e Rio Grande do Sul seria catastrófico, se não for tomada nenhuma medida compensatória", disse ele durante o Fórum de Exportação promovido pela Folha.
Já o presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), José Augusto de Castro, defende a mudança, pois ela liberaria os sócios a negociar outros acordos bilaterais, que hoje precisam ser aprovados por todos os sócios --condição que trava a negociação com a União Europeia, por exemplo.
"O Mercosul é um problema latente. É nosso principal mercado de produtos manufaturados, mas quando você agrega uma Venezuela, uma Bolívia, um Equador, agrega um problema [ao bloco]. Todas as decisões têm de ser tomadas por unanimidade. Como conseguir unanimidade em todos esses mercados?"