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Painel do Eleitor

MARCELO COELHO

'PSDB para trás, isso não tem preço'

Valter rompeu com o PT em 2004, mas votará em Dilma porque Aécio e Marina têm posições conservadoras

Às oito e meia da noite, não há movimento nenhum na rua de Guarulhos onde o psicólogo Valter Fontes, 43, mora com a mãe, dona de casa, e o pai, frentista de posto de gasolina aposentado.

A política do PT para a Previdência é uma das decepções de Valter com o partido. Ele votou em Lula nas eleições de 2002. Em 2006, sua preferência no primeiro turno foi por Heloísa Helena (PSOL), rompida com o PT quando o governo defendeu que mesmo os já aposentados pagassem contribuições ao INSS.

Militante do partido por cerca de 15 anos, Valter desfiliou-se em 2004, quando Marta Suplicy era candidata à reeleição para a Prefeitura de São Paulo.

Ele conta que, na época, recolhia assinaturas em favor de outro nome para as prévias do partido, o de Plínio de Arruda Sampaio Jr. Os adeptos de Marta contestaram a sua lista de assinaturas, afirmando que nem mesmo ele, Valter, era filiado ao PT. "Mas então como é que me elegeram tesoureiro do partido no Diretório Zonal do Tucuruvi?", pergunta.

Tratava-se, conclui, de uma violência contra a discussão partidária. Hoje em dia, Valter se espanta quando ouve, até de petistas, opiniões em favor da pena de morte e da redução da maioridade penal.

Metódico, Valter não gesticula nem se exalta durante a entrevista. Para me receber, interrompeu a leitura de uma chatíssima (pelo que pude espiar) apostila para um concurso interno na Prefeitura de Guarulhos.

Como psicólogo, ele manteve consultório durante algum tempo, mas era difícil conciliar essa atividade com a de funcionário na prefeitura. Começou a trabalhar lá no último ano da faculdade, especializando-se no controle da arrecadação tributária.

Faz também pós-graduação em gestão pública, na Faap. A escola "é meio tucana", brinca, mas entre seus colegas há um dirigente do PT em Praia Grande, ao lado de vereadores e militantes do PSDB.

Valter não participou das manifestações de junho do ano passado, embora as qualifique de "saudáveis e democráticas". Na sua opinião, Dilma perdeu a grande oportunidade que tinha para se livrar do fisiologismo de seus aliados, apresentando uma reforma política.

Ele é leitor da revista "Carta Capital"; em casa, recebe o "Diário de São Paulo", que assinou para seu pai.

Critica o destempero e a falta de confiabilidade do que lê nas redes sociais --e também a atitude da mídia no caso do mensalão. Embora o PT tenha errado, diz ele, ao repetir métodos de governos anteriores na conquista de apoio parlamentar, o fato é que a imprensa em geral trata o assunto "como se tivesse sido a inauguração da corrupção no país". Joaquim Barbosa, acrescenta, conduziu o julgamento "de forma política".

Sem paciência para a Copa do Mundo, ele tirou férias em julho: ficou duas semanas em Cuba.

O voto de Valter vai para Dilma nas próximas eleições. A disputa de outubro, diz, tem características plebiscitárias. A oposição a Dilma aposta no velho "tripé neoliberal" defendido pelos peessedebistas: independência do Banco Central, confiança na globalização e insistência num ajuste fiscal a qualquer custo, "que coloca em risco a própria sobrevivência das pessoas".

Nesse ponto, Marina Silva pouco diverge de Aécio Neves, diz Valter. Ele até achou interessante a postura de Marina Silva quando ela renunciou ao cargo de ministra do Meio Ambiente, no governo Lula. Não aprova, contudo, a sua tentativa de dominar o Partido Verde e o que chama de sua "jogada eleitoral" ao lado de Eduardo Campos.

Agora, diz que sua candidatura "abre uma possibilidade para os setores mais conservadores e os financistas".

Ele prossegue: "Imagine a fragilidade de sustentação desse governo. Não teria apoio dos setores organizados da sociedade nem dos partidos políticos".

Mas Valter vê três pontos positivos na candidatura de Marina. Primeiro, o de que duas mulheres disputam com chances a Presidência. Segundo, que na campanha o PT se vê obrigado a "resgatar compromissos de sua história", reforçando laços com os "setores mais progressistas". Terceiro ponto: com Marina, o PSDB fica para trás no cenário político. "Isso não tem preço", brinca.


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