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Entrevista - Luciana Genro

Não vejo nenhuma crise na esquerda coerente

PRESIDENCIÁVEL DO PSOL NEGA CONFLITOS NO LANÇAMENTO DE SUA CAMPANHA E DIZ QUE O DESAFIO É CRESCER EM 'CONDIÇÕES DESIGUAIS'

JOSÉ MARQUES DE SÃO PAULO

Lançada pelo PSOL à disputa presidencial após divergências internas --que resultaram na desistência do senador Randolfe Rodrigues (AP) em concorrer--, a candidata Luciana Genro nega haver uma crise na esquerda e diz que, embora separados, PSOL, PSTU e PCB "trabalham no mesmo sentido".

Ela culpa "condições desiguais" na cobertura jornalística, estrutura de campanha e horário eleitoral por só ter 1% nas pesquisas de intenção de voto e afirma que "cresceria muito mais" se tivesse divulgação semelhante à dos três principais colocados.

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Folha - Ao desistir, o senador Randolfe disse que a esquerda vive "crise". A sra. concorda?
Luciana Genro - Eu acho que há pessoas da esquerda que entram em crise quando os seus projetos eleitorais parecem mais distantes. Eu não vejo que haja uma crise na esquerda coerente, mas crises pessoais. O PSOL está muito unido e a minha candidatura foi escolhida por unanimidade na convenção do partido.

Vocês tentaram articular com o PSTU e não conseguiram.
Eu trabalhei muito pela aliança da esquerda entre o PSOL e o PSTU, inclusive quando estava de [pré-candidata a] vice do Randolfe. Cheguei a fazer uma carta aberta ao PSOL, PSTU e PCB abrindo mão de ser candidata a vice. Mas o PSTU, o único que respondeu oficialmente ao pedido, disse que não havia viabilidade por divergências programáticas. Eu não sei exatamente quais divergências são essas porque a gente nunca sentou para debater o programa, mas acredito que é uma necessidade unir a esquerda toda. Embora a gente esteja com candidaturas separadas, estamos trabalhando no mesmo sentido, não estamos digladiando entre nós.

As intenções de voto na esquerda autodeclarada não chegam a 2%. Esses candidatos têm representatividade?
É um desafio muito grande para uma candidatura crescer em condições tão desiguais, não só no horário eleitoral gratuito, mas também nas estruturas de campanha. O PSOL é o único partido com representação parlamentar que tem por estatuto não receber dinheiro de empreiteiras, bancos e multinacionais, que são os maiores doadores.
Também pela cobertura desigual da mídia. Te asseguro que, se a grande imprensa desse para o PSOL a mesma cobertura --ou pelo menos uma cobertura semelhante-- que dá aos três [principais], nós cresceríamos muito mais.

Apesar das restrições, sua candidatura recebeu dinheiro de um supermercado e de um escritório de advocacia. Por que essa seleção?
[As restrições] são os segmentos que mais estabelecem relações promíscuas com os partidos. Por isso, o PSOL proibiu esses três segmentos no seu estatuto, mas não proibiu totalmente o financiamento privado, muito embora a gente defenda as doações de pessoas físicas, que podem estimular a população a participar mais ativamente da política.

Como governar tendo minoria absoluta no Congresso?
Nenhum presidente esteve em um partido com maioria. Todos tiveram verdadeiros balcões de negócios no Congresso, sejam ilícitos ou não. Nós não vamos fazer isso, porque vamos apresentar medidas que vão ter respaldo popular, ao contrário dos governos anteriores.
Eu presenciei isso várias vezes como deputada na Câmara. Em junho de 2013, toda a população brasileira presenciou como os políticos tremeram diante do povo nas ruas, mas nem são necessárias mobilizações tão grandiosas. Basta lotar as galerias da Câmara que se consegue aprovar medidas que provavelmente não teriam nenhuma chance de ser aprovadas.

Nem sempre medidas de um presidente têm apoio popular.
As minhas vão ter.


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