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Histórico deixa dúvidas sobre o perfil de Romney na Casa Branca

Eleito governador com discurso moderado, republicano muda o tom para o conservadorismo

Fama de adaptar sua posição de acordo com a oportunidade eleitoral provoca críticas ao mórmon milionário

RAUL JUSTE LORES ENVIADO ESPECIAL A BOSTON

Bispo e presidente regional da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos dias, nome oficial da igreja mórmon, entre 1981 e 1994, Willard Mitt Romney, 65, evitou falar da religião durante a campanha.

Mas sua fé tem papel fundamental na família.

O bisavô Miles Park Romney, que tinha quatro mulheres e 30 filhos, fugiu dos EUA em 1885, pela perseguição contra a poligamia, e se instalou em uma comunidade mórmon no México.

Lá nasceu o pai de Mitt, George. Mas a família voltou aos EUA em 1912, fugindo da Revolução Mexicana.

Aos 19 anos, Romney foi para a França como missionário, onde morou dois anos e meio. Converteu poucos franceses, mas se tornou fluente no idioma.

O pai de Romney, George, tornou-se um modelo do filho caçula, único rapaz, com três irmãs. George foi executivo na indústria automotiva em Detroit, onde Romney nasceu, foi governador do Estado do Michigan e tentou ser o candidato republicano à Presidência em 1968, mas foi derrotado por Richard Nixon, de quem viraria ministro.

Com o pai conservador e religioso como modelo, Romney ignorou o esquerdismo nos anos 1960, época em que passou a adolescência e parte da juventude -apesar de mais de um ano de estudos na progressista Stanford.

Continuou a apoiar a Guerra do Vietnã, mas fez dois requerimentos como estudante e como missionário para não precisar se alistar.

Ao voltar de Paris, reencontrou-se com Ann, que conheceu no colegial. Ela se converteu à religião enquanto Mitt estava na França. Tiveram cinco filhos (hoje com idades de 42 a 31 anos).

Ele estudou inglês na Universidade Brigham Young e fez um curso unificado de direito e MBA em Harvard, formando-se em 1975, já então com três filhos.

Pouco depois, em 1977, entra na consultoria Bain, na qual presta serviços a grandes empresas. Já como vice-presidente, em 1984, sai da consultora para criar uma nova empresa com o dono da Bain, a Bain Capital, que se destacaria no ramo de "private equity", comprando empresas em mau estado para revendê-las anos depois de reestruturações que as valorizassem muito.

Até 2002, esteve na Bain Capital, com algumas interrupções -para sua campanha frustrada ao Senado, em 1994; e quando se tornou presidente do Comitê Organizador da Olimpíada de Inverno de Salt Lake City, entre 1999 e 2001.

Logo após os Jogos, no início de 2002, desligou-se da empresa, quando conquistou o governo do Estado de Massachusetts.

Nesses anos, fez a sua fortuna (avaliada em US$ 250 milhões, ou R$ 500 milhões).

Ao entrar na política, concorrendo contra o senador democrata Ted Kennedy, imbatível por 40 anos no cargo, e depois como governador, enfatizou seu perfil de republicano moderado, em sintonia com a liberalidade de Massachusetts. Nomeou democratas para sua equipe e cortou o deficit público em US$ 1,5 bilhão (R$ 3 bilhões).

E criou um pioneiro plano de saúde universal no Estado, fortemente subsidiado por dinheiro público, com a mesma equipe do MIT que anos depois desenharia o novo sistema de saúde aprovado por Obama.

AMBIÇÃO PRESIDENCIAL

À medida que sua popularidade crescia, a ambição presidencial o fez mudar sua conduta no governo estadual.

De moderado, começou a cortejar setores mais extremistas do Partido Republicano. Patrocinou programas pró-abstinência sexual nas escolas, que substituíam aulas de educação sexual, e defendeu a proibição do casamento gay no Estado.

Lutou pela volta da pena de morte ao Estado, mas foi derrotado na Assembleia.

Passou dois terços de 2006, último ano de mandato, em viagens no país, fora do Estado. A popularidade desabou (terminou com 35%). Nem tentou a reeleição, em 2007.

Começou a disputar já em 2008 a vaga republicana, que acabou ficando com John McCain naquele ano.

A fama de mudar de posição de acordo com a oportunidade eleitoral foi amplamente usada neste ano por seus demais adversários republicanos (afirmando que seu conservadorismo é de fachada) e pelos democratas (para os quais sua moderação é momentânea).

A dúvida sobre Romney é que figurino ele adotaria na Casa Branca: do moderado que venceu em Massachusetts ou do conservador que virou candidato republicano em junho.


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