Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Especial

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Antonio Sergio Petrilli

finalista

Graacc | www.graacc.org.br

Aos 66 anos, o médico, que é referência em oncologia pediátrica no país, é cofundador e mentor do Graacc (Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer), hoje um hospital-modelo em diagnóstico, tratamento e pesquisa para a população de baixa renda

Cuidador da infância

Persistência marca a trajetória do médico que mudou a vida de milhares de crianças carentes com câncer

MARIA CAROLINA NOMURA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Uma coisa é a criança morrer porque não há mais nada que se possa fazer. Outra é morrer por falta de recursos, porque o remédio é muito caro e o SUS [Sistema Único de Saúde] ou o hospital não querem pagar."

Partindo desse pensamento, o médico Antonio Sergio Petrilli decidiu agir.

E não mediu esforços para que crianças -ricas ou pobres- fossem curadas com qualidade de vida.

Seu olhar diferente, contudo, era inovador demais para a década de 1970, quando começou a trabalhar no Hospital A.C. Camargo. Com pífios 20% de chance de cura, não se investia nas terapias de câncer infantil.

"Além disso, o tratamento em si era cruel", lembra. "Elas eram colocadas junto com os adultos, a quimioterapia era ministrada em seus bracinhos com as mesmas agulhas grossas e, pior, suas mães não podiam estar com elas. Imagine uma criança de quatro anos enfrentar tudo isso sozinha?"

Inconformado com a dura realidade e ávido por novos conhecimentos, Petrilli partiu com sua família para Nova York, onde estagiou por um ano no Memorial Sloan-Kettering, referência na área.

Após ter visto o que se podia fazer em termos de tratamento infantil, unindo tecnologia e assistência, voltou ao Brasil obstinado por um sonho: vislumbrava um lugar onde as crianças não perdessem sua humanidade com um tratamento tão invasivo.

Queria que elas ainda brincassem mesmo perdendo seus cabelos; que não parassem de estudar; que não esmorecessem; e, principalmente, que tivessem acesso ao melhor tratamento possível para seu tipo de câncer, sem que sua condição socioeconômica fosse determinante.

Persistente e incansável, Petrilli contagiou uma legião de pessoas. Eram médicos, enfermeiros, voluntários e empresários que, unidos, fizeram nascer o Graacc (Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer), que, em um sobrado ao lado da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), oferecia assistência e tratamento ambulatorial a crianças internadas no Hospital São Paulo.

Para ampliar o atendimento, o médico percebeu que era preciso saber lidar com a política dos hospitais e, sobretudo, responder à pergunta: quem vai pagar a conta?

Visando à excelência, convidou os empresários-parceiros a participar da gestão do Graacc e fez um curso no Saint Jude Hospital, em Memphis, nos EUA, onde aprendeu a importância da captação de recursos e do gerenciamento profissional.

EMPURRÃOZINHO

Hoje, Petrilli, 66, diz se orgulhar de ver a instituição, centro de referência no tratamento do câncer infantil, ocupar um prédio de oito andares -que está em expansão- e atender mais de 300 casos novos por ano.

"Os avanços da medicina proporcionam 70% de chances de cura nos casos tratados adequadamente. E aqui temos todos os médicos e os equipamentos necessários para oferecê-los."

Entre um sorriso e um respiro profundo de resignação, Petrilli admite que o Graacc não foi só fruto de vontade, conhecimento e mobilização. "Nós contamos com um empurrãozinho sagrado, que vem do céu, das crianças que não conseguimos salvar."

Religioso sem falar em Deus, inquieto, teimoso e líder nato, Petrilli, corintiano roxo, aprendeu desde cedo a desempenhar vários papéis, o que lhe permitiu se comunicar com diversos públicos.

De pequeno, ajudava o pai, descendente de italianos, no ofício de colocar pedras ornamentais, e a mãe, de sangue húngaro, na criação de seus cinco irmãos mais novos.

Na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), onde cursou medicina, era capitão do time de futebol, atuava na atlética e organizava passeatas pela democracia. "Sempre fui brigão e conciliador."

IMPACTO SOCIAL

Ofereceu atendimento gratuito e de alto padrão a 4.961 crianças e adolescentes do país, com índice de cura de cerca de 70%. Em 2011, fez 23.051 consultas médicas, 17.233 quimioterapias, 1.476 cirurgias e 49 transplantes de medula óssea

INOVAÇÃO

A gestão do Graacc equilibra conhecimento acadêmico, administração focada em resultados e integração com a sociedade. Inova também ao criar novos protocolos de atendimento às crianças com câncer

SUSTENTABILIDADE

Fundada em 1991, a organização tem 1.108 colaboradores (sendo 616 celetistas -16 doutores, 23 mestres- e 432 voluntários) e um orçamento anual (2012) de R$ 71,6 milhões. O empreendedor ocupa

o cargo de superintendente médico

De 3% a 10% das neoplasias acometem crianças, nos países em desenvolvimento, ante 1%, nos países desenvolvidos (Inca)

CÂNCER INFANTIL

A partir dos 5 anos, a neoplasia (proliferação celular anormal) corresponde à primeira causa de mortes de crianças e adolescentes no Brasil (Inca)

DIAGNÓSTICO PRECOCE

Graças aos avanços nos últimos 40 anos, 70% das crianças vítimas de câncer podem ser curadas se diagnosticadas precocemente e tratadas em centros especializados


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página