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Empresas são o foco de sistema criado por Mandela

FÁBIO ZANINI EDITOR DE "MUNDO"

Se na maioria dos casos a ação afirmativa é usada para inclusão e reparação, na África do Sul ela é vista como uma politica para garantir a sobrevivência do Estado.

Essa é, pelo menos, sua origem. Repartir rapidamente a riqueza nacional com a massa negra reprimida no apartheid foi a prioridade do presidente Nelson Mandela depois da sua eleição, em 1994. Do contrário, o país poderia ter entrado em guerra civil.

A política inclui medidas como cotas em universidades e no serviço público. Mas o ponto mais chamativo é a sigla BEE, de Black Economic Empowerment, ou "fortalecimento econômico negro".

Seu foco está nas empresas e funciona com base em sete critérios quantitativos, da proporção de negros em cargos de diretoria à eficiência de programas de capacitação.

Um temido "scorecard" (boletim), com os pontos que a empresa recebe dos órgãos fiscalizadores, vira uma sentença. Quem tiver baixa pontuação não consegue contratos com o governo. No limite, corre risco de ação judicial.

Em 18 anos, a ação afirmativa se mostra tímida. Hoje, negros têm renda per capita de US$ 7.000, e 90% possuem água encanada. Mas a renda negra ainda é um sexto da branca, Já o desemprego entre homens negros é de 40%, cinco vezes maior do que entre homens brancos. O percentual de negros com curso universitário não chega a 9%, segundo o Censo de 2011. Entre os brancos, é de 38%.

Mas a maior crítica ao BEE é sua permeabilidade à ingerência política e à corrupção. Uma indústria de "consultorias" faz com que empresas aparentem estar quites com o programa, enquanto autoridades fazem vista grossa ao cumprimento de critérios.

E uma casta de caciques do Congresso Nacional Africano, o partido que está no poder, fez fortuna emprestando sua imagem à diretoria de grandes corporações.


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