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Cinco décadas após fim de segregação, aumenta número de jovens 'birraciais'

DE WASHINGTON

Cor de pele nos EUA, como no Brasil, é autodeclarada. Mas, no país, a tendência é que pessoas com ancestralidade negra -mesmo longínqua ou parcial- se declarem negras e assim sejam vistas.

Se no Brasil cada vez mais gente se diz negra, como mostrou o último Censo (2010), nos EUA cresce o número de jovens que se declaram "birraciais" (no país, os termos "mulato" e "mestiço", que denotam mais mescla do que soma, são pejorativos).

O movimento tem a ver com a ascensão de Barack Obama -o presidente de mãe branca do Kansas e pai negro do Quênia- e com a chegada à idade adulta dos netos da geração que viveu o período de segregação no país.

Nos formulários em que se indaga a cor de pele, as opções costumam ser "branca", "negra", "hispânica", "asiática", "indígena", "ilhéu do Pacífico" (havaianos) e "outros". Só o Censo abre espaço para os que relatam pertencer a dois ou mais grupos e que são hoje 2,3% da população (os negros são 13,1%).

Não raro, a rigidez da divisão alimenta dúvidas existenciais. O próprio Obama, na autobiografia "A Origem dos Meus Sonhos" e em suas entrevistas para a biografia "A Ponte", de David Remnick, confessa que, tendo sido criado pelos avós brancos em um lugar isolado da tensão racial americana, o Havaí, demorou a se identificar como negro.

A jornalista da CNN Soledad O'Brien, morena, filha de pai australiano e mãe cubana negra, identifica-se como negra e diz ter sua identidade questionada reiteradamente devido à aparência.

"Pessoas de ascendência africana refletem uma miríade de tons de pele e fenótipos", escreve Yaba Blay, professora de estudos africanos e de gênero ao apresentar seu projeto (1)ne Drop (uma gota), sobre identidade racial.

"Muitas vezes, porém, ao vermos pessoas que se identificam como negras, mas não se encaixam no estereótipo, questionamos não só sua identidade como sua negritude e nossa relação com eles", afirma Blay, parceira de O'Brien em uma série de reportagens chamada "Who Is Black in America?" ("Quem é negro nos EUA?"), da CNN.

Blay cita o líder estudantil sul-africano Steve Biko, assassinado em 1977 no movimento contra o apartheid: "Ser negro não é questão de pigmentação, mas um reflexo da atitude mental".


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