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Especial

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Mônica Bergamo

ESBÓRNIA PAULISTANA

Uma mulher exuberante agarra Fernando Haddad no camarote da prefeitura no Sambódromo e grita: "Que saudade! Chega de entrevista, querido. Hoje é Carnaval. Todos os meus amigos querem te conhecer!". E puxa o prefeito pelo braço.

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Depois de alguns minutos, repórteres e convidados descobrem: Priscila é "a irmã doida" do prefeito, como ela mesma se define. "Isso aqui é uma esbórnia, né, Chalita?!", diz ela ao deputado Gabriel Chalita, do PMDB. "Todo mundo te ama. Eu tô 'pê' da vida, viu, Chalita? Eu sou possessiva."

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Chalita posa para foto com o ministro Alexandre Padilha, da Saúde. Um repórter grita que os dois formam uma boa chapa para o governo de SP em 2014. Padilha responde: "Sim, no palanque da presidenta Dilma".

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O prefeito foi ao Sambódromo com a mãe, Norma, com a mulher, Ana Estela, e os dois filhos. Pela sala VIP circularam políticos e executivos como Carlos Schroder, diretor geral da TV Globo.

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Marta Suplicy, com o marido, Marcio Toledo, levou a neta, Laura, 9. De sapato verde-limão e roxo, comprado em Buenos Aires "para dançar tango", Marta iria para Olinda no dia seguinte, depois Recife, Salvador e Rio. "E na quarta eu desmaio."

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O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) chega e cumprimenta Marta. Ela mostra a ele a neta, que o abraça. "É a filha do João", diz o senador.

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Um amigo do petista sopra: "Pergunta para ele da [ex-senadora] Marina Silva. Ela o convidou para o novo partido que está montando".

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Suplicy sorri. E confirma: "Sim, a Marina me telefonou hoje. Nós conversamos por mais de uma hora". Ela convidou, e ele aceitou, ser uma das estrelas do lançamento do novo partido que está lançando, no dia 16. "Vou lá expor as minhas ideias."

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Suplicy está escanteado no PT. O partido planeja tirar dele a legenda para a candidatura ao Senado em 2014. Quer oferecer a vaga para partidos como PMDB e PSD, numa aliança para o governo de SP. Ele anda chateado.

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Marina então o convidou para deixar o PT e integrar o partido que está montando? "A Marina sabe o que eu penso da fidelidade partidária. Eu disse a ela que não sairia do PT até cumprir todo o meu mandato [em 2014]."

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E depois? "Se o PT me fechar as portas...". Suplicy para, sorri e refaz o raciocínio. "Eu não acredito que o PT vai me fechar as portas. Eu acho que o partido vai continuar me apoiando."

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Por isso, decidiu enfrentar a cúpula partidária: vai propor prévias para a escolha do candidato do partido ao Senado em 2014. "Eu pensei muito e decidi: quero ser candidato de novo."

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O PT tem pelo menos uns dez "bons candidatos", diz ele. "O Luiz Marinho, o Edinho Silva, o Emídio de Souza. Em outros partidos, o Gilberto Kassab [do PSD], o Chalita [PMDB]. São todos bons. Mas eu tenho certeza de que ganho as prévias. Eu ando por aí e as pessoas me dizem: 'Mas o PT vai abrir mão de um candidato como você?'".

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A única chance de Suplicy desistir é se Lula for candidato ao Senado. "Aí, em respeito a ele, eu não disputaria."

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No camarote ao lado, da Brahma, Zeca Pagodinho levanta a plateia num show para o qual recebeu cachê estimado em R$ 250 mil.

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Cláudia Raia, 1,80 m, hesita, mas tira o sapato preto de bico fino e sobe em um banquinho branco de 30 cm para ver a passagem do namorado, o ator Jarbas Homem de Melo, coreógrafo da comissão de frente da Vai-Vai.

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"Sucessooooo", grita. Dá tchau para a arquibancada. E cola na grade, eufórica.

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Melo passa. Ela, de vestido curto, chama, manda beijos e faz um gesto de coração com as mãos.

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Só fecha a cara quando um fotógrafo tenta fazer imagens dela de baixo para cima. Puxa a câmera. Os dois discutem. Amigos da atriz apagam as imagens e devolvem a máquina ao fotógrafo. "A gente tem que fazer isso para aprenderem a respeitar", diz ela.

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Acaba o desfile. Cláudia manda mensagem para o celular de Jarbas e come um espeto de churrasco. O namorado chega e a beija. "Estou que nem mãe de miss. Puro orgulho", diz ela.

(MÔNICA BERGAMO E JOELMIR TAVARES, DE SÃO PAULO)

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Salvador

A MÍDIA ME USA E EU USO A MÍDIA

Gilberto Gil vê a top Lea T de longe e acena. Ela se aproxima, e o baiano beija sua mão. "Olha como você é famosa! Ele falou de longe: 'Lea'", diz Preta, filha de Gil, à modelo, convidada do camarote Expresso 2222.

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"Aiiii, que loucura!", grita Lea ao ver Narcisa Tamborindeguy. E beija a mão da "mulher rica".

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Lea é das raras convidadas que não se preocupam em aparecer na foto com bebida -uma taça de champanhe, que recebe ao chegar, no começo da noite. Sidney Magal é outro que desfila à vontade com um copo de cerveja. "Não é novidade. Tem muito a ver com a eguinha pocotó", diz ele sobre a dança do sul-coreano Psy que bate recorde de acessos no YouTube.

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Psy chega com um terno branco sem mangas, cercado por seguranças e dançarinas. Vai direto para a varandinha VIP. Um de seus produtores o cutuca para que cumprimente Gil. "Ah, eu já disse oi."

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Gil também sabe pouco sobre o sul-coreano. Diz que ouviu seu hit, "Gangnam Style", só uma vez. Elogia "críticas sociais" da letra.

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Psy se assusta com a quantidade de pessoas na rua que formam um "corredor polonês" para que ele percorra os poucos metros do Expresso 2222 até o trio elétrico de Claudia Leitte, onde cantará. Respira fundo e vai.

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Já lá em cima, o rapper pede mais de uma vez para pararem o trio. Em vão.

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"Como todo oriental, ele é um cara reservado", diz Bia Feres, uma das gêmeas do nado sincronizado, bebendo caipirinha de seriguela. Ela e a irmã ficaram "emocionadas" ao descobrir que o sul-coreano tem filhas gêmeas.

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Bia e Branca ganharam cachê para fazer eventos ao lado de Psy. Sabrina Sato, também contratada pela marca que trouxe o sul-coreano, posa para uma foto com Gil. Flora, mulher do músico, é quem pede. Quer pôr no Instagram.

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"Foto hoje é mais importante do que música e dança", comenta Gil, rindo.

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E o cordão de artistas que ganham para dar as caras em outros camarotes da cidade cada vez aumenta mais. Alinne Moraes, Carolina Dieckmann, Michel Teló e Rodrigo Faro estão entre os que deram rasante em Salvador.

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No camarote da revista "Quem", a assessora agita os braços para Alinne Moraes: o colar prateado da atriz estava tapando o nome da marca de produtos de cabelo que divulgava. Ela tem ao menos três visitas remuneradas neste Carnaval. "A mídia me usa e eu tento usar a mídia", diz.

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Já no espaço da "Contigo!", outra assessora pede que os jornalistas se atentem ao "foco": fazer perguntas sobre a marca de escova de dente que trouxe Teló a Salvador.

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"O Carnaval virou um grande marketing. É ótimo, movimenta a indústria. O povo ama ver os artistas prestigiando Salvador", diz Preta Gil. Já ela está "100%" dedicada ao camarote da família. Até usa um vestido "de debutante" para comemorar os 15 anos do Expresso 2222.

(ANNA VIRGÍNIA BALLOUSSIER)


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