Folha de S.Paulo

Francisco

Os cardeais reunidos no Vaticano surpreenderam o mundo católico ontem ao escolher o argentino Jorge Mario Bergoglio, 76, como o novo papa. Embora não exatamente um azarão -teria sido bem votado no conclave anterior, de 2005-, ele não estava entre os "papabili" mais citados por especialistas.

Arcebispo de Buenos Aires, Bergoglio é o primeiro papa latino-americano e o primeiro não-europeu desde o sírio Gregório 3º (731-741). Adotou o nome Francisco, o primeiro a fazê-lo, sem o numeral 1º -a Santa Sé diz que ele só será "1º" quando houver um segundo. Segundo o vice-porta-voz do Vaticano, Thomas Rosica, o nome é uma homenagem a são Francisco de Assis e sua devoção aos pobres. Analistas especulam também que seja referência a são Francisco Xavier, cofundador da ordem dos jesuítas.

Bergoglio é conhecido pelo trabalho pastoral na periferia de Buenos Aires e por ser ele próprio um jesuíta, o primeiro papa a pertencer a essa ordem.

Segundo analistas, ele manteve certa distância da Cúria durante o pontificado de Bento 16. Papa de número 266, é considerado um conservador moderado, mesclando preocupação social com oposição a temas como casamento gay. Entidades de direitos humanos o acusam de ter sido próximo ao regime militar argentino nos anos 70 e 80, o que ele nega.