UOL
       
 
Capital


Ltda.

Outro Lado


Tecnologia


Grade


O direito de emburrecer


Memória


Palanque


Perfil

 


Palanque

Para ganhar uma eleição, hoje, a performance é tão ou mais importante do que propostas e biografia

Sem a TV, a política some

CLÓVIS ROSSI
DO CONSELHO EDITORIAL

Sergio Lima- 8.mai.2000/folhaImagem
O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), visto pela câmera da TV Senado durante sessão plenária

Ao TV roubou a política da praça pública e confinou-a à telinha. Hoje, para ganhar uma eleição, a performance televisiva do candidado é tão ou até mais importânte do que suas propostas e sua biografia. Mesmo depois da eleição, caso vitorioso, o político continua dependendo da televisão para manter o seu prestigío(ou também para perdê-lo).

Quase tanto como depende dos atos que assina na solidão de seu gabinete ou das políticas que aprova em reuniões fechadas com seus auxilares. Basta lembras que não houve um só plano econômico dos últimos muitos anos que não tivesse sido procedido da presença do presidente na TV para explica-lo.

Quando não era presidente, era o ministro (ou mistura) ministro da Fazenda. Vender alguma coisa ao público (um candidato, um governante ou um projeto) passou a ser uma característica da política e não há outro instrumento mais massificador do que a televisão para vender sabonetes ou políticas.

No Brasil, o casamento política/televisão acabou sendo tardio, pelas circunstâncias instucionais. Embora a TV tenha 50 anos de vida, sua incorporação pela política deu-sem apenas nos 20 anos recentes, pouco mais ou menos. A rigor, o casamento começou a dar-se com a anístia, decretada pelo regime militar em 1979, quando a TV já era velha de quase 30 anos.

Até então, não havia pouco jogo político e, por extensão, pouca presença da política na televisão, quando não havia, pura e simplesmente, a censura ao noticiário(político ou de qualquer natureza).

O curioso é que o controle da TV pelo poder central continuou mesmo depois de ter terminado, 1985, o ciclo aoutoritário. Até o episódio do impeachment de Fernando Collor de Mello (1992), o prolongamento eletrônico do "Diário Oficial".

A TV Globo, em especial, notabilizou-se pela bajulação incontrolável dos poderosos turno. O perfil de Fernando Collor, levado ao ar após a vitória em 1989, desenhava o presidente eleito com um deus, um cavaleiro sem máculas e sem pecado.

A desgraça de Collor acabou por contaminar de alguma forma a televisão a televisão que o havia incensaco. O que provou uma certa mas incipiente "desoficialização" do noticiário televisivo. Hoje, as mazelas políticas do governo central já frequentam o noticiário, muito mais do que em governos anteriores.

O que, por sua vez, completou o casamento política/televisão. Não que a segunda dependa da primeira. Mas a primeira não sobreviveria, em uma sociedade de massas, sem a segunda


Leia mais: Figueiredo ameaçou tirar concessão nas Diretas-Já, diz Boni