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Perfil De vendedor no Rio, aos 14 anos, Silvio Santos tem O camelô da rua do Ouvidor ARMANDO ANTENORE DA REPORTAGEM LOCAL
Começou aos 12 anos, no Rio de Janeiro, vendendo suvenires na lojinha do pai, o grego Alberto Abravanel, e se tornou camelô aos 14. Hoje, à beira dos 70, lidera o Grupo Silvio Santos. O conglomerado movimenta R¹ 1,6 bilhão por ano e soma 33 empresas, incluindo a administradora da Tele Sena, responsável pelos maiores lucros do empresário e alvo de um processo judicial que pede a decretação de sua ilegalidade. Em 1981, o apresentador engordou o grupo com o SBT. A rede de televisão _que, àquela altura, incorporava quatro canais da extinta Tupi_ acabou se transformando na segunda principal do Brasil. Se a Globo impôs no vídeo um padrão dito de qualidade, por rejeitar o improviso, aprimorar a técnica e valorizar atrações que se pretendem menos popularescas, a TV de seu Silvio trilhou caminho oposto. Investiu nas classes mais baixas e, sem medo dos dramalhões mexicanos, dos programas de calouros e da precariedade cênica, teve em 1999 um faturamento de R¹ 479 milhões. É ainda pequeno diante do da Globo no mesmo ano: R¹ 1,8 bilhão. Mas é suficiente para influenciar outras redes e fazer com que até a emissora líder incorpore elementos típicos do povão. A lenda diz que Silvio Santos exibe tamanha intimidade com o popular porque nasceu pobre. Não é bem assim. Seus pais tinham uma pequena loja de artigos para turistas no centro do Rio e puderam garantir que o mais velho dos seis filhos estudasse até se formar técnico em contabilidade. Por volta de 1945, o menino observou um camelô comercializando carteirinhas para guardar títulos de eleitor. Julgou o produto promissor e resolveu entrar no ramo. Elegeu como ponto preferido as esquinas da avenida Rio Branco e rua do Ouvidor. Das carteirinhas, passou às canetas, lâminas de barbear, bonecas, remédios para calos, gravatas e suspensórios. Apregoava-os enquanto executava mágicas que seduziam os fregueses. No final da década de 40, movido pelo sucesso nas ruas, prestou concurso para locutor da rádio Guanabara e alcançou o primeiro lugar. Logo percebeu que tais concursos lhe renderiam bons prêmios em dinheiro. Participou de vários e ganhou 12 seguidos, até que quiseram impedi-lo de competir. Foi então que o visado Senor Abravanel adotou o pseudônimo de Silvio Santos. Mas a carreira radiofônica não o fez esquecer o talento de comerciante. Ao contrário: decidiu unir uma coisa à outra e montou um serviço de alto-falantes numa das barcas Rio-Niterói. Tocava músicas e veiculava anúncios. Mais tarde, na barca para Paquetá, organizou um barzinho, que buscava atrair clientes com uma promoção: quem comprasse certo número de garrafas concorreria a prêmios num jogo de bingo. Em 1954, as barcas foram para o estaleiro, e Silvio trocou o Rio por São Paulo, onde abriu o bar Nosso Cantinho e se empregou como locutor da rádio Nacional. Em 1957, Manoel da Nóbrega, colega da Nacional, pediu-lhe ajuda para tocar um negócio que estava quase falindo, o Baú da Felicidade. Eram bauzinhos cheios de brinquedos, que Nóbrega vendia a famílias humildes em 12 parcelas mensais, de tal modo que, no Natal, os filhos dos compradores pudessem recebê-los de presente. Com o novo sócio, a empreitada decolou. Nasciam os alicerces do futuro Grupo Silvio Santos. Um pouco antes, em 1956, o locutor estreou na TV Paulista, narrando comerciais das lojas Clipper. O Programa Silvio Santos surgiu seis anos depois, na mesma emissora. O apresentador comprava o horário e cuidava de todo o processo de produção. Suas boas relações com o general João Baptista Figueiredo, então presidente da República, lhe valeram, nos anos 80, a concessão da rede de TV. Ainda nos 80, Silvio tentou a carreira política. Pleiteou a prefeitura paulistana em 1988 e a Presidência da República em 1989, sem sucesso. Em 1992, cogitou novamente ser prefeito de São Paulo e, outra vez, fracassou. Leia mais: Marluce leva Globo aos "novos tempos" |
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