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Fábio Seixas

Receita antiga

Na busca para aumentar a competitividade, F-1 não vê que a solução pode estar no passado

Era uma vez uma F-1 com uma geração de gênios, personalidades fortes, enormes rivalidades, batalhas épicas. Uma F-1 competitiva.

Mas gênios --uma pena-- envelhecem. E até morrem.

E exatamente quando essa turma estava saindo de cena, pintou outro gênio. Mas com a "culpa" de estar sozinho. Michael Schumacher impôs um domínio nunca experimentado pela categoria. Destruiu recordes e emplacou sequências, algumas inimagináveis. Entre 1994, quando ele começou a reinar sozinho, e 2004, quando conquistou seu último Mundial, aconteceram 11 campeonatos e 183 GPs.

O alemão conquistou sete títulos e venceu 44% das corridas, em que havia em média, é bom lembrar, 22 pilotos no grid.

Em 2002, fechou a disputa na França, 11ª das 17 etapas. Tentem imaginar o humor dos promotores das seis últimas provas do calendário. E que dizer daquele 2004? Schumacher começou o ano vencendo cinco GPs em sequência, acidentou- -se em Mônaco, e depois emplacou mais sete vitórias consecutivas.

Tudo isso causou um trauma coletivo na categoria. A busca pela "competitividade" passou a ser um mantra, uma obsessão, uma fixação. Os chefes da categoria acharam que tinham de agir.

Ainda em 2003, a FIA mudou o sistema de pontos, reduzindo o peso das vitórias. De lá para cá, reduziram a quantidade de testes --medida também com motivação econômica--, introduziram o Kers e criaram a asa móvel.

Até aí tudo bem --com o senão do prejuízo aos jovens pilotos na questão dos treinos.

O problema é que conseguiram errar demais com os pneus.

Não sei se o erro foi de Ecclestone, na maneira de pedir, ou da Pirelli, ao interpretar. Fato é que exageraram na dose, e o GP da China foi o exemplo mais gritante disso.

Pneus que duram seis voltas não são opção. São uma chata obrigação. Tanto que Webber largou com eles, cumpriu a exigência do regulamento, e resolveu parar nos boxes já no fim da primeira volta.

Não por coincidência, pneu foi o assunto em Sakhir, ontem. Havia seis pilotos na entrevista coletiva da FIA. Houve 32 perguntas. Contei: a palavra "pneu" foi dita 43 vezes.

Pelo menos FIA e Pirelli já perceberam o erro e decidiram mudar a estratégia para o Bahrein --foram levados para Sakhir os médios em vez dos macios-farofa.

A FIA poderia continuar atenta e perceber que a geração atual é das melhores. Que há uma turma louca para conquistar o lugar ao sol. Que há pelo menos cinco equipes em condições de vencer GPs.

Poderia parar de interferir, deixar a coisa correr solta, voltar ao modelo do passado, já que o cenário é bem parecido com aquele. A competitividade não precisa ser criada, já existiria por si só.

fabio.seixas@grupofolha.com.br


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