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Duradouro

São Paulo usa mais instalações esportivas de seu Pan, realizado em 1963, do que o Rio de Janeiro, sede da competição em 2007

MARCEL MERGUIZO PAULO ROBERTO CONDE DE SÃO PAULO

Cinquenta anos depois, São Paulo usa mais os espaços esportivos que foram palco dos Jogos Pan-Americanos que realizou do que o Rio de Janeiro, sede em 2007.

Ginásios, estádios e piscinas usados na capital paulista continuam à disposição de atletas de alto rendimento, são aproveitados por categorias de base, recebem público privado --como Pinheiros e Paulistano-- ou são abertos à população.

A organização do Pan de 1963 se valeu de estruturas privadas e públicas já existentes para realizar o evento. A única construção, de fato, foi a Vila dos Atletas. Hoje, é o Crusp (Conjunto Residencial da USP), que abriga estudantes da universidade.

O Rio também construiu uma Vila, por R$ 189 milhões. Os apartamentos foram vendidos à população e hoje sofre com falhas estruturais.

A capital fluminense, ao contrário de São Paulo, investiu para fazer um Pan com pretensões olímpicas. O custo chegou a R$ 3,9 bilhões.

Segundo relatório do governo Federal publicado em outubro de 2008, os legados são as oito instalações permanentes construídas e as cinco reformadas no Rio.

Após seis anos, o Engenhão, que custou R$ 380 milhões e foi sede do atletismo no Pan, está fechado por problemas na cobertura. Receberá também as provas de atletismo nos Jogos de 2016.

A piscina do Parque Aquático Maria Lenk, de R$ 85 milhões, recebeu 27 competições entre 2008 e 2012 --para 2013, sete são programados. É gerido pelo Comitê Olímpico Brasileiro há cinco anos e recebe apenas os treinos do Time Brasil, grupo de atletas apoiado pelo COB.

O Parque Aquático Julio Delamare, reformado por cerca de R$ 10 milhões, deve ser demolido e virar estacionamento do Maracanã. O local era usado para treino, escolinhas para crianças e prática esportiva para adultos.

A Arena Olímpica do Rio, casa de basquete e ginástica no Pan, está nas mãos da iniciativa privada e pouco é usada para disputas esportivas. Ela custou R$ 129 milhões.

O Velódromo da Barra, que custou R$ 14 millhões, terá a pista desmontada e levada para Goiânia. Um novo será erguido, por R$ 80 milhões.

Prefeito do Rio à época do Pan, Cesar Maia critica as demolições. "São absurdos. O velódromo foi feito a imagem e semelhança do dos Jogos de Atenas, com a mesma empresa indicada pela confederação internacional como única capaz para fazer a pista", afirma o hoje vereador (DEM).

Procurado pela Folha, o COB diz que "os Jogos Rio- -2007 representaram a credencial' para o Brasil conquistar a confiança da comunidade esportiva internacional. Foram peça fundamental na conquista da sede dos Jogos Olímpicos Rio-2016".

Para o comitê, não é possível comparar as edições brasileiras do Pan-Americano.

Usados no Pan-63, o campo de beisebol do Bom Retiro, os complexos do Ibirapuera, do Pacaembu, o Baby Barioni e o autódromo de Interlagos são usados por atletas e abertos à população.

Hoje, o Rio sofre com a saída de atletas devido ao fechamento de praças esportivas.

São os casos dos ginastas Diego e Daniele Hypolito, do nadador Kaio Márcio e de Natália Falavigna (taekwondo).

"A diferença entre o Pan de São Paulo e o do Rio são os muitos equipamentos construídos, alguns em uso e outros, não. Mas conseguimos trazer a Olimpíada de 2016 porque tínhamos instalações, bem ou mal", afirma Fernando Telles, 75, quinto nos saltos ornamentais em 1963.

Atleta olímpico e engenheiro, Telles projetou as plataformas de salto do Julio Delamare. "[A demolição] É muito triste, pois é a melhor piscina de saltos do Rio", diz.

Paulo Carotini, o Polé, 67, foi ouro no polo aquático no Pan, disputado no Palmeiras.

"Hoje a piscina está lá ainda, como a do Pinheiros, onde treinávamos. Infelizmente, no Rio, foi feita muita coisa e muito está sendo derrubado", afirma o ex-atleta.

VICE-VERSA

O Pan do Rio também teve virtudes. O Maracanãzinho, reformado para 2007 e casa do vôlei nos Jogos de 2016, e o Complexo de Deodoro, também sede da próxima Olimpíada, receberam verba do Ministérios do Esporte e da Defesa e são os exemplos bem-sucedidos.

Deodoro recebeu mais de 250 eventos desde 2007.

De outro lado, o de São Paulo não foi impecável. A organização foi finalizada às pressas, e o velódromo do Ibirapuera já não existe mais.

Ainda assim, 1963 deu lucro. Com a receita do evento, o COB adquiriu sua antiga sede, no centro do Rio.


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